3 de abril de 2011

Na colação, aluno descobre que diploma não vale no Amapá

Mais de cem alunos da Universidade Estadual do Amapá (Ueap) foram informados que teriam que adiar a cerimônia de colação de grau devido à falta de reconhecimento dos cursos. Em funcionamento há cinco anos, a universidade ainda não regularizou nenhum curso no CEE (Conselho Estadual de Educação) nem se cadastrou no MEC (Ministério da Educação). Para o ministério, a Ueap não existe.

Sem o diploma, os alunos podem ter dificuldade para prestar concursos públicos e fazer mestrado. Os 112 alunos que organizavam a colação de grau foram avisados no início do mês passado que teriam que adiá-la devido à falta de reconhecimento dos cursos no CEE.

Eles são os primeiros a terminar a graduação na universidade, que conta com 2.158 alunos em 12 cursos, como letras e química. Segundo a instituição, 61 deles receberão certificados de conclusão de curso - os demais têm pendências acadêmicas. Com o certificado, é possível se inscrever em outra universidade, mas ele tem de ser renovado a cada 90 dias.

LENTIDÃO

A Ueap diz que a lentidão do reconhecimento se deve a erros da gestão anterior e a deficiências do Estado. O CEE, que reconhece cursos e valida diplomas de universidades estaduais, diz que o processo, entregue em 2009, avança lentamente porque o conselho não tem experiência na avaliação de cursos superiores.

A Ueap é a primeira instituição estadual de ensino superior do Amapá. Ainda de acordo com o CEE, especialistas têm que ser trazidos de outros Estados para avaliar os cursos. Não há previsão para o fim do processo. Já o reconhecimento do MEC, segundo a universidade, ainda não foi concluído.

Sem ele, Ueap não pode participar do Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudante), que avalia os alunos, nem receber recursos de emendas parlamentares.
A universidade, que tem orçamento anual de R$ 8 milhões, funciona em dois campi. Um deles é alugado por R$ 35 mil mensais, valor que não é pago desde outubro.

Em cinco anos de existência, a Ueap nunca fez concurso para contratar professores. Os docentes são funcionários cedidos pelo Estado ou temporários.

Fonte: Folha de São Paulo

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