1 de junho de 2010

Pele dos fumantes envelhece mais rápido do que a das pessoas comuns

Como informa o próprio maço, a fumaça do cigarro tem mais de 4000 substâncias tóxicas, sendo 30 cancerígenas. O tabagismo, comprovou-se com inúmeras pesquisas, causa câncer de pulmão, estômago, intestino, laringe, garganta e outros órgãos. Está provado que provoca também problemas na pele.

A pele dos fumantes,constataram pesquisas, como a realizada pela área de Dermatologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, na capital paulista, e publicada na edição de janeiro/fevereiro de 2006 dos Anais Brasileiros de Dermatologia, envelhece mais rapidamente do que a das pessoas comuns.

O mecanismo é o seguinte: a nicotina do cigarro, em especial, causa vasoconstrição, ou seja, diminuição do espaço interno das veias e das artérias de todo o organismo. Chega, então, menor quantidade de sangue e, consequentemente, também menos oxigênio e nutrientes aos tecidos de modo geral. Com isso, forma-se em cadeia no interior das células grande quantidade dos chamados radicais livres, substância tóxica que interfere na divisão das células, matando-as pura e simplesmente ou levando ao surgimento de células anômalas, o câncer.

Na pele, os radicais livres causam diminuição na produção de fibroblastros, células muito importantes. São elas que produzem colágeno, substância responsável pela sustentação da derme - segunda camada da pele -, isto é, que lhe dá espessura, firmeza, elasticidade e maciez.

A pele dos fumantes se torna menos espessa, perde o brilho e o viço e ganha cor amarelada, às vezes até arroxeada. O tabagismo provoca ainda uma queda na capacidade orgânica de se defender de agressões. As pessoas que fumam ficam, pois, mais suscetíveis ao aparecimento de infecções e têm maior dificuldade de cicatrização. Tudo que ocorre com os idosos ao longo de décadas de vida se manifesta precocemente nos fumantes.

A pesquisa da área de Dermatologia da Santa Casa de São Paulo constatou que o envelhecimento é generalizado, ou seja, ocorre de maneira igual em toda a extensão da pele. Mas fica mais visível, naturalmente, no rosto, porção orgânica que está sempre à mostra. A coloração labial se torna arroxeada, quando deveria ser rosada. As linhas de expressão ao redor dos olhos e da boca ficam mais acentuadas. Como os tecidos de modo geral e a pele em especial afinam, os ossos aparecem mais. Isso, nas situações mais graves, interfere na auto-estima dos fumantes, que muitas vezes se sentem mais feios, têm dificuldade para encontrar trabalho e parceiros amorosos e se isolam, vivendo sozinhos. Nas situações extremas, sobretudo nos mais carentes, abre-se espaço para quadros depressivos.

A única maneira de evitar tudo isso é parando de fumar. Não é fácil, sabe-se, porque a nicotina causa dependência. Mas hoje é possível contar com serviços especializados na área até no setor público, como o do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, na capital paulista. Há também medicamentos que auxiliam na "quebra" da dependência. Vale a pena. As mudanças na pele têm início praticamente no momento em que se liberta do tabagismo. Além do mais, quem se livra do tabagismo distancia-se igualmente do câncer.

Por Ana Cristina Fasanella, médica dermatologista na capital paulista, integra a Sociedade Brasileira de Dermatologia e o Grupo Brasileiro de Melanoma

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