26 de março de 2010

Sobre falar a verdade‏

Por Camilo Capiberibe

O radialista Carlos Lobato, do PDT, em seu programa na manhã de ontem (25) afirmou que eu teria mentido ao relatar o caso do Wank do Carmo que sofreu horrores no Pronto Socorro à espera de atendimento traumatológico para uma fratura exposta, durante entrevista que dei ao programa Legislando com o Povo na 94.5 ontem de manhã (24/03). Quanto a isso quero registrar que apenas relatei notícia contida no post da blogueira Alcilene Cavalcante que reproduzo abaixo.

“Pronto Socorro. O Socorro que não chega.

Wank do Carmo, filho do pioneiro Walter do Carmo, sofreu um acidente e tem fratura exposta no braço e esmagamento nas articulações.

Wank passou dias no corredor do Pronto Socorro até conseguir um leito. Está lá há 10 dias e ainda não conseguiu ser operado. Ontem, segunda-feira, sua cirurgia foi suspensa novamente, segundo o médico que iria lhe operar, a suspensão se deu por que o Governo do Estado do Amapá não pagou o fornecedor de pinos metálicos.

Com dores, Wank está tomando analgésicos há 10 dias e ocupando leito, pois se tivesse sido operado já estaria de alta.

A má gestão soma-se a irresponsabilidade, a desumanidade e a falta de misericórdia com a dor de quem está sob os cuidados do estado.”

Ao tentar me desqualificar como uma pessoa que “mente para atingir uma finalidade política”, sem perceber ou percebendo e contando com sua “credibilidade” ele terminou confirmando o que está no post da Alcilene e o que falei na minha entrevista: o Wank sofreu muito e para conseguir atendimento foi preciso que ele, Lobato, que se diz amigo do governador, telefonasse para o próprio Waldez e intercedesse pelo filho do pioneiro.

O que o caso realça de início é a irritação do radialista ao ver a oposição fazendo seu trabalho, denunciando o sofrimento das pessoas que precisam do atendimento do Hospital de Emergências. A informação sobre o Wank é verdadeira e, como fica claro acima, é da blogueira Alcilene Cavalcante, não é invenção de uma mente doentia.
A outra questão fundamental é o que isso diz a respeito da maneira como o governo e seus asseclas tratam a oposição. Se dependesse do radialista e de Waldez, no Amapá só existiria situação pois para Waldez o que a oposição diz só merece o seu silêncio e no programa do Lobato a oposição não fala, não entra, só tem vez para “apanhar” e muito.

Tudo que relatei na entrevista ao Legislando com o Povo é rigorosamente verdadeiro. O caso da criança deitada no chão, que irritou profundamente o radialista do PDT, é destque em matéria veiculada na própria Band, emissora de televisão chapa-branca aqui no Amapá.

Ainda quanto ao caso da criança, o radialista Carlos Lobato distorceu algo que falei sobre a obra do hospital do Câncer. Eu disse na entrevista que ter de escolher entre um Hospital do Câncer e um Hospital Regional da Zona Norte era como ter um cobertor curto que “se cobrir o peito descobre o pé”. O radialista confundiu as bolas dizendo que denunciei que “a uma criança pequena teria sido fornecido ‘um cobertor curto’”. Quem dera que o sofrimento fosse apenas este.

O caso da criança é que ela saiu do centro cirúrgico e, sem leito e nem maca para ficar no pós-operatório, ela foi deitada no chão, exposta a contaminações de toda a ordem e à sujeira. Minha reclamação na entrevista foi com o fato de que, quando cheguei no Hospital de Emergência para fazer a vistoria, ela estava deitada numa maca sem colchão e berrando de dor. Essa realidade nua e crua, exposta na minha entrevista, estimulou a mídia governista a resolver o problema do pronto socorro me desqualificando como ator político de oposição: “capaz de mentir para atingir o seu objetivo político”

Para o governador Waldez eu vou deixar este recado: visite os hospitais. O pronto- socorro, o hospital de santana e o de Laranjal de Jarí, a maternidade e os demais que o sr. vai perceber que a realidade supera a ficção. É muito pior e a população esta exposta a um profundo sofrimento que os ataques à oposição não conseguem aliviar.

Apesar de ser desagradável ser atacado injustamente é possível perceber uma nuance reveladora neste fato. Em fim de mandato, o governador Waldez tem quase todos os políticos ao seu lado em sua “base” e apesar desta quase unanimidade ele sofre pois tem todos e ao mesmo tempo não tem ninguém para defendê-lo e depende para isso do Carlos Lobato, seu correligionário e “amigo”.

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