29 de março de 2010

Ciclo do Marabaixo

Começou neste domingo (28) e vai até o fim do mês de junho o Ciclo do Marabaixo 2010 no estado do Amapá. A abertura oficial do evento aconteceu no Centro de Cultura Negra do Amapá e contou com a participação de vários grupos tradicionais do Marabaixo. O Ciclo do Marabaixo deste ano está sendo organizado pela Secretaria Extraordinária de Políticas para os Afrodescendentes em parceria com as comunidades tradicionais do Estado.

Por Emanuel Costa

MARABAIXO

Os primeiros negros chegaram ao Macapá no século XVIII, vindos de Belém, do Rio de Janeiro, Pernambuco, Bahia e Maranhão, para a construção da Fortaleza de São José. Além desses, aportaram, no município de Mazagão, várias famílias negras fugidas das guerras entre mouros e cristãos, travadas no norte da África. O Marabaixo nasceu do encontro entre estas diferentes etnias e os colonizadores brancos, interagindo dentro de um mesmo contexto social.

No Amapá, existe um calendário oficial do Marabaixo que começa no domingo da Páscoa, no bairro Laguinho, em Macapá. Depois da missa na Igreja de São Benedito, o Marabaixo é dançado de manhã e à tarde na casa do “festeiro”. Cinco semanas depois da Páscoa, num sábado, é feita a chamada “Cortação do Mastro”. Os participantes da festa cortam o mastro e o guardam para o dia seguinte quando acontece o “Domingo do Mastro”. No domingo, munidos com bandeiras do Divino Espírito Santo e da Santíssima Trindade, os brincantes vão buscar o mastro, dançando, cantando e soltando foguetes. Pegam o mastro e levam para a casa do festeiro.

Dali a três dias, é a “Quarta-feira da Murta”. Murta é o nome de uma planta cheirosa que, para os dançantes do Marabaixo, tem o significado místico de limpeza espiritual. Na tarde de quarta-feira, os participantes vão fazer a colheita da murta para ser usada no dia seguinte, chamado de “Quinta-feira da Hora”. É quando ocorre o “levantamento do mastro”: enfeitado com os galhos de murta e a bandeira do Divino no alto, o mastro é fixado.

Nesse dia, a festa dura até a madrugada. Nos 18 dias seguintes, são feitas ladainhas ao Divino e à Santíssima Trindade na casa do festeiro, onde é montado um altar. E todas as noites, depois da ladainha, há festas. Exatamente 9 dias após a quinta-feira da Hora, acontece o “Sábado do Divino Espírito Santo” quando há uma grande festa na casa do festeiro. No dia seguinte, “Domingo do Divino Espírito Santo”, o Marabaixo é dançado novamente. E as ladainhas continuam até o final de semana seguinte, encerramento da festa, com o “Sábado da Trindade” e o “Domingo da Trindade”.

No “Sábado da Trindade”, há mais uma festa na casa do festeiro. E no domingo, uma missa matinal. No domingo à tarde é feita novamente a “quebra da murta”, dessa vez para enfeitar o mastro à Santíssima Trindade. Durante a colheita da planta, muita dança, canto e foguetes com a bandeira da Santíssima Trindade empunhada pelos participantes.

Na noite de Domingo, finalmente, acontece a ladainha de encerramento em louvor à Santíssima e o baile. No dia seguinte, “Segunda-feira do Mastro”, é feito um buraco à frente da casa do festeiro para a fixação do Mastro da Santíssima. É feita a levantação do segundo mastro, que é fixado ao lado do primeiro, erguido semanas antes. Os mastros do Divino e da Santíssima Trindade ficam lado a lado. Até o meio dia dança-se o Marabaixo.

A finalização do período de festa se dá no domingo seguinte ao levantamento do mastro à Santíssima. Os participantes chamam de “Domingo do Senhor”. Nesse dia, o Marabaixo é dançado até as 18 horas, quando acontece a “Derrubada do Mastro”, quando os dois são derrubados. A dança segue até altas horas. E a tradição segue através dos séculos.

A coreografia do Marabaixo é arbitrária dada a improvisação dos figurantes. Os dançarinos ora formam filas, abraçados uns aos outros, ora separados, se organizam em filas três a três, ora ficam lado a lado, enfim permanecem isolados frente a frente, e dançam ao som da música, em compasso binário. Os passos variam com os toques das caixas que os tocadores, a um canto, fazem soar. Trata-se de um quadro de muita alegria, vivido sob um céu cristalino. As cores vivas das vestimentas, as fitas, as flores - tudo contribui para emprestar exuberante vivacidade a esta bonita dança.

A dança e o canto do Marabaixo constituem o lado profano das festividades em homenagem a Santíssima Trindade e ao Divino Espirito Santo.

Fonte: Texto de uma professora que eu (Emanuel Costa) no Google.

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