24 de março de 2010

Mistério em Macapá

Um mistério ronda a morte de três crianças que foram encontradas em uma área conhecida como “Lago Verde” no bairro Brasil Novo II /zona Norte da cidade, no último final de semana. Os corpos de Antônio Cris Maciel, 9 anos, Antônio Mendes, 10, e Rita Maciel, de 11, foram encontrados por volta de 5h50 da manhã de domingo (21) com indícios de afogamento.

Moradores que acompanharam o resgate dizem ter visto sinais de violência no pescoço da menina Rita, mas somente o laudo oficial da Politec – Polícia Técnico-científica – pode apontar a verdadeira causa das mortes. Segundo a polícia, a região tem precedentes de estupros e homicídios com estas características.

LAGO VERDE: LOCAL DAS MORTES

A localidade conhecida como “Lago Verde”, no final da invasão Palmares, é muito conhecida pelos moradores graças aos precedentes de crimes brutais de estupro e homicídios que lá ocorreram. Algumas fatalidades, como a morte por afogamento de um bebê com menos de um ano, também já foram registradas na região. Há poucos anos, duas meninas gêmeas teriam sido violentadas e jogadas neste mesmo lago por dois elementos. As duas meninas foram encontradas mortas e ninguém suspeitava que se tratasse de um crime hediondo.

Mas o laudo pericial revelou que elas haviam sido abusadas sexualmente antes de morrerem afogadas. A Polícia conseguiu chegar aos dois criminosos que praticaram o crime e mandá-los para a penitenciária. De acordo com uma moradora, há alguns meses, os irmãos voltaram a se vistos no bairro, e a suspeita recaiu sobre eles novamente.

O DESAPARECIMENTO

Rua Açaí, 108. Este é o endereço de João Marques Maciel, tio das vítimas. Ele acompanhou toda a busca realizada pela Polícia Militar e Corpo de Bombeiros. João disse que os sobrinhos não tinham o costume de frequentar estes perigosos para brincar. Os três se encontravam apenas nos finais de semana. Dois deles moravam na mesma rua do bairro Brasil Novo na casa da avó e o outro morava no São Lázaro.

Finais de semana e feriado, eles se reuniam para brincar e catar latinhas. No sábado último, os três saíram à tarde para realizar a mesma tarefa. Junto aos corpos, a polícia encontrou a sacola cheia de com latas. “Às 6 horas da tarde quando cheguei em casa e dei falta deles. Então começamos a procurar”, conta João.

A população que acompanhou o resgate dos três corpos neste domingo disse que havia marcas no pescoço de, pelo menos, uma das vítimas. É possível que elas tenham sido causadas por estrangulamento. A polícia especula que os dois garotos, Antônio Mandes e Antônio Cris, teriam sido os primeiros a se afogar. Em seguida, a menina Rita teria pulado na água para ajudar os primos e não conseguiu retornar à margem.

ASSISTÊNCIA DA POLÍCIA

O sargento da Polícia Militar, Michel Ribeiro, foi quem prestou a primeira assistência aos familiares. Por volta de 20h30 de sábado, a guarnição foi informada sobre o desaparecimento. A primeira linha de ação da PM foi comunicar o fato à central de operações do Ciodes e em seguida realizar buscas nas imediações. Como já era noite, a polícia não pode fazer muito esforço para ajudar, mesmo assim varrições foram feita por algumas áreas de ressaca do bairro.

De acordo com o sargento Michel, algumas destas áreas alagadas são comumente usadas por crianças e adolescentes como balneário. A escuridão foi o grande empecilho para o trabalho da polícia. A primeira conjectura seria a de afogamento nestes locais, já que outros casos semelhantes de desaparecimento já haviam ocorrido com o mesmo desfecho trágico. A família foi orientada a registrar o fato na delegacia de Polícia Civil mais próxima. Às 21 horas, policiais decidiram paralisar os trabalhos de busca.

DRAMA DA FAMÍLIA

A procura desesperada varou a madrugada e foi realizada por familiares e vizinhos sensibilizados com o drama. Pais, tios e amigos continuaram a procurar sem qualquer equipamento de iluminação. Eles chegaram a fazer duas passagens pelo local onde os corpos estavam, mas não os avistaram. Rita e os garotos só foram localizados pela manhã, por volta de 5h50, já com apoio da PM, que retomou a apoio à família. Os três estavam atrás de uma humilde casa construída em madeira às margens do chamado Lago Verde, ou “Lago da Morte”, como chamam alguns moradores.

INSEGURANÇA NO BAIRRO

O proprietário disse que não estava na casa durante toda a noite por isso não viu nada, porém informou que é comum ver crianças tomando banho na área atrás de sua residência. “Algumas partes são rasas e outras são fundas. O lugar onde acharam os corpos é o mais fundo do lago”, comentou. Além da falta de segurança, moradores reclamam que a falta de iluminação favorece a investida dos vândalos.

A maior parte das casas do Brasil Novo II é de madeira, sem muro e com o terreno delineado por cercas de arame farpado, com algumas aberturas feitas por vândalos, muito são usadas em rota de fuga. “Eles vêm aqui em casa dizer que não e para fechar a cerca, se não eles vem matar todo mundo. Assim fica fácil para eles atravessarem os quintais quando estão fugindo da polícia ou em rixas”, disse uma moradora.

Por Carlos Lima- Jornal a Gazeta

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