8 de março de 2010

Especial: Dia Internacional da Mulher

MULHERES SOLTEIRAS REALIZAM SONHO DE FORMAR FAMÍLIA POR MEIO DA ADOÇÃO

A escrevente Rejane mora em São Paulo e a nutrícionista Margarida, no Rio. Embora não se conheçam, as duas mulheres têm em comum o fato de que sempre quiseram ter uma família. Solteiras, as duas conseguiram realizar o sonho da mesma forma: por meio da adoção.

Rejane Tavares Silva, de 46 anos, trabalha como escrevente no Tribunal de Justiça de São Paulo. Ela foi casada, mas acabou se separando. Pouco depois dos 40 anos, solteira, e com muita vontade de ter um filho, foi alertada pelo médico que ficaria cada vez mais difícil de engravidar. Por isso, Rejane decidiu adotar uma criança.

"Sempre tive o sonho de ter uma família e adoção para mim nunca foi um bicho de sete cabeças. Eu sempre pensei que podia adotar, mas antes olhava mais para o lado altruísta. E depois, por meio da adoção formei minha família", conta.

Depois de tomar a decisão, há quatro anos, começou a participar de um curso de formação. Frequentou mensalmente as reuniões por um ano. No começo, tinha receio por ser uma mulher solteira. "Logo que cheguei fiquei receosa porque a maioria dos candidatos era um casal. Me senti um peixe fora d´água, mas continuei e não desisti."

No fim de 2007, entrou com o processo para adoção e em julho de 2008 estava aprovada, esperando apenas chegar uma criança com o perfil dela - Rejane queria uma criança entre 2 e 5 anos, independente de sexo ou cor. No mês seguinte, foi informada de um menino de quase 2 anos, da cidade de Franca (SP), cuja adoção tinha que ser feita com rapidez.

"As duas irmãs tinham sido adotadas e precisava de alguém que ficasse com o menino. Mas precisava ter vínculo, contato com as outras duas famílias que adotaram cada uma das meninas. Eu preparei a papelada e fui. Cheguei a Franca no domingo e ia ver a criança na segunda. Se quisesse, já podia levar para casa", lembra a escrevente.
Rejane descreveu à reportagem a seguinte sensação ao ver o pequeno Vitor, que completaria dois anos no mês seguinte, pela primeira vez: "Foi amor à primeira vista. Quando vi aquele pequenininho, entrando com um boné..."

“O começo foi barra, bem complicado. Eram dois estranhos que não se conheciam. E a criança te testa. Ele quebrava coisas, tinha ataques de bater a cabeça no chão, me chutava, me mordia.”

DIFICULDADE DE RELACIONAMENTO

A primeira grande dificuldade que sentiu foi de relacionamento. Ela tinha seis meses para se adaptar à vida de mãe, porque tinha obtido licença-maternidade no trabalho. Mas o pequeno Vitor não morava em abrigo antes da adoção, estava em uma família de apoio, e sentiu muita falta da família com quem conviveu por mais de um ano.

"O começo foi barra, bem complicado. Eram dois estranhos que não se conheciam. E a criança te testa. Ele quebrava coisas, tinha ataques de bater a cabeça no chão, me chutava, me mordia. Os primeiros seis meses foram barra, eu emagreci uns cinco quilos. Não ia conseguir se não estivesse bem preparada".

Rejane diz que, no começo, muitos a questionavam se ela não tinha se arrependido. "Eu tinha um desejo muito forte dentro de mim e olhava aquela carinha e me dava força. Hoje, depois da tempestade, sei que vale a pena. Ele me chama de mãe, tem muito carinho, muito afeto. Acho que foi um presente que ganhei da vida, de Deus."

Para ela, as dificuldades de criar um filho adotivo sozinha são duas: falta de tempo e de dinheiro. "Expliquei para os psicólogos que, por causa do trabalho, ficava fora de casa por, no mínimo, dez horas. Mas eles disseram que o importante era a qualidade do tempo que você dá. E eu sinto no Vitor que a cada vez ele está mais feliz, mais seguro. A questão de grana também é complicada, mas é como com todas as mães que ouço falar. Você se esquece de você e prioriza a criança. Para mim, só compro o necessário."

“Perguntei para ele o que ele estava achando da mamãe. E ele respondeu: 'uma família'. Fiquei impressionada com uma resposta dessa vinda de um menino de três anos. E perguntei: 'como assim uma família?’. E ele disse: 'uma família feliz."

“FAMÍLIA FELIZ”

Moradora do Rio de Janeiro e solteira, a nutricionista Margarida Maria Neves Gama, de 44 anos, também teve sua rotina totalmente alterada há um ano com a chegada do filho adotivo, Carlos Eduardo, agora com 3 anos. Os dois, diz a nutricionista, são hoje "uma família feliz".

"Eu, na verdade, sempre quis ser mãe. Fui casada por 13 anos, mas não tivemos filhos. Mas não descartei a possibilidade de ser mãe. Mesmo se tivesse tido um filho biológico, iria adotar. Assim que me separei, entrei com processo de habilitação para adoção", lembra.

Para Margarida, que também relata dificuldades para cuidar sozinha de Cadú, há pontos positivos em ter decidido ser mãe solteira: "Sozinha você não sofre a interferência de outra pessoa. Hoje, os casais estão divergindo muito de opinião. Tenho amigas que sofrem com isso. Um fala uma coisa e o outro diz outra, os pais não falam a mesma linguagem. Mas também tem o lado negativo que é a sobrecarga, às vezes a gente tem vontade de dividir com alguém", conta.

Ela confessa, que, como qualquer mãe, muitas vezes se sente sobrecarregada: "Às vezes fico cansada, já chorei de cansaço. Às vezes bate uma agonia, acho que faz parte. Mas quando assumi esse compromisso sabia que poderia acontecer. Pode ser o próprio estresse do trabalho."

Ao contrário de Rejane, Margarida não teve problemas de adaptação com Cadú, que antes de ser adotado morava em um abrigo no interior de Minas Gerais.

"Foi muito tranquilo. No segundo dia ele já me chamava de mãe, não teve problema de adaptação. (...) É uma criança levada, mas muito tranquila", diz a nutricionista.
Segundo Margarida, seu filho é "maravilhoso". "Esses dias eu cheguei com ele na escola e faltava cinco minutos para abrir o portão. Perguntei para ele o que ele estava achando da mamãe. E ele respondeu: 'uma família'. Fiquei impressionada com uma resposta dessa vinda de um menino de três anos. E perguntei: 'como assim uma família?’. E ele disse: 'uma família feliz'", disse ela, emocionada. "Eu não sou perfeita não, tenho muitos erros e até um pouco de impaciência às vezes, mas é muito gratificante."

PREPARAÇÃO PSICOLÓGICA

Para a psicóloga e psicanalista Maria Antonieta Tisano Motta, do Grupo de Apoio à Adoção de São Paulo (Gaasp), a preparação para um solteiro adotar é a mesma de um casal. "É preciso saber os motivos pelos quais quer ter um filho, se está preparado para a mudança que vai ocorrer. E precisa ter uma rede de apoio, com amigos, famílias, parceria com escola, porque sozinho é muito difícil."

Maria Antonieta diz ainda que, mesmo no caso de mães solteiras adotivas, as crianças precisam da função paterna. "Não precisa ser o homem ao lado da mulher, mas deve ter uma função paterna, que o pai tem que é dividir a mãe, uma função de interdição. A criança não pode sentir que a mãe está vivendo para ela. Uma mulher que trabalha fora, por exemplo, isso funciona como uma interdição."

Além disso, destaca a psicóloga, é importante que a criança conviva tanto com figuras femininas quanto masculinas.

É preciso também cuidado para não se sentir culpada por criar sozinha e acabar superprotegendo a criança. "Não se pode achar que pode suprir tudo da vida da criança, a ponto de superproteger ou impedir a independência."

Fonte: Portal G1

FAZER COMPRAS PODE AJUDAR CONSUMIDORA A EMAGRECER, DIZ PESQUISA INGLESA

Sair para fazer compras por muitas horas é uma atividade adorada por muitas mulheres, mas, por mais que isso possa prejudicar a conta bancária, uma pesquisa conduzida por um departamento da loja Debenhams, na Inglaterra, diz que isso pode até ajudar a emagrecer.

Para chegar a essa conclusão, funcionários da loja instalaram um pedômetro - pequeno equipamento que conta os passos de uma pessoa - em cinco mulheres e em cinco homens e avaliaram as respostas de 2 mil clientes a um questionário sobre o assunto.

Segundo o estudo, voltado principalmente para o público feminino, o principal cliente da loja, uma mulher inglesa gasta, em média, duas horas e meia cada vez que faz compras, andando cerca de 4,18 km e queimando aproximadamente 385 calorias. Anualmente, ela caminha 247,8 km e pode queimar no período até 48 milcalorias, lembrando que o processo de fazer compras do estudo inclui caminhar, pegar e carregar os produtos. De acordo com a pesquisa, os homens gastam 50 minutos em média nas compras, percorrendo aproximadamente 2,41 km.

O resultado da pesquisa pode até parecer animador, especialmente para as mulheres que adoram comprar e que são um pouco sedentárias. Mas, segundo especialistas brasileiros, é complicado avaliar os dados da pesquisa no dia a dia de quem vive no Brasil. “Precisamos ter cuidado com as informações da pesquisa porque vivemos num país com o clima, o cotidiano e o ritmo de vida diferentes”, diz o professor de educação física Chen Yen Pin.

“Se a mulher tem um gasto diário de 1.500 calorias e ingere 1.500 calorias, as 385 calorias de perda com as compras podem até ajudar no emagrecimento, desde que mais calorias não sejam ingeridas. Mas é importante ressaltar que fazer compras é considerada uma atividade física diária, como uma caminhada; algo do cotidiano. Por isso ela não pode ser considerada uma atividade voltada para o emagrecimento”, completa Pin.

“Se sair para as compras ajuda a perder peso, quero ir todos os dias. O que falta mesmo é dinheiro para comprar muito sempre”, diz Betânia Lopes, que se preparava para sair do supermercado com inúmeras sacolas.

“Já pulei refeições para ficar mais tempo fazendo compras. Acho que várias mulheres já fizeram isso.”, afirma Rita Aparecida de Miranda, que na última quarta (3) fazia compras na avenida Brigadeiro Luiz Antonio, em São Paulo.

A fala de Rita vai ao encontro de outra informação da pesquisa da loja inglesa, que afirma que metade de todas as entrevistadas deixa de almoçar ou de fazer um lanche para aproveitar melhor o tempo das compras.

“O problema é que ela acaba abrindo mão de uma dieta mais balanceada, e pode acabar comendo algum alimento mais gorduroso”, diz Pin.


Segundo o professor, mesmo caminhando um pouco mais de 4 km em média nas compras, o ganho aeróbico é quase inexistente. “É necessário manter uma frequência cardíaca mais alta, por mais tempo, para você talvez ter algum ganho aeróbico e, por conseqüência, uma queima calórica, que ajuda no emagrecimento”, afirma Pin.


DORES E LESÕES

Além de pular uma refeição, ficar muito tempo comprando também pode trazer outros problemas. “Não vejo grande lógica em fazer duas horas e meia seguidas de compras. Seria melhor dividir o tempo em uma hora e meia e uma hora, sempre com uma pausa para descanso. Desta forma, o corpo trabalha melhor, diminuindo a fadiga e evitando o risco de lesões”, explica a fisioterapeuta Virgínia Geigner.

Outra grave fonte de problemas, que pode atrapalhar as saídas por muito tempo, é o sapato de salto alto. “Não costumo usar salto quando saio para compras, mas já esqueci e acabei ficando com dores nas pernas e nas costas depois”, conta Mariana Pinheiro, que na última sexta (26) entrava numa loja na região da avenida Paulista, em São Paulo, para comprar uma sandália.

Segundo a fisioterapeuta, com o salto, a mulher fica tombada para frente, fazendo com que o corpo compense com forças para o sentido oposto, gerando uma fadiga. “Essa compensação costuma ocorrer nas regiões lombares e cervicais. Além disso, o salto trava o joelho, causando uma sobrecarga dos ligamentos e articulações do próprio joelho”, afirma Geigner.

Se isso não bastasse, esse tipo de calçado também causa problemas em outras partes do corpo. “Com a rigidez do sapato com salto, você tem uma utilização inadequada da musculatura que está na sola e entre os dedos do pé. Por causa disso, o corpo acaba sobrecarregando a musculatura da perna para compensar. Esses problemas, associados à fadiga muscular provocada por um período muito longo de atividade sem repouso, podem levar a lesões, desde dores musculares, até a torções, crises lombares e enxaquecas”, diz Geigner.

DICAS PARA APROVEITAR

Para evitar problemas, fazendo compras de uma forma mais saudável, tanto o professor de educação física quanto a fisioterapeuta recomendam que a mulher use calçados e roupas menos apertados e mais confortáveis, além de sempre distribuir os pacotes entre os braços e de nunca exceder no peso das sacolas. “Levar as compras mais próximas ao corpo também é melhor, pois ajuda a diminuir o risco de lesões nas costas e nos braços”, diz Geigner.

“Sempre saio mais vezes por semana para comprar. Assim caminho mais vezes e carrego menos peso. Acabo fazendo mais exercícios sem ter nenhum problema”, conta Lea Lacerda Naline, que na tarde desta quarta (3) caminhava do supermercado para casa.
“É importante não ter preguiça para fazer compras. Dividir o volume de compras em um número maior de vezes é bem melhor do que fazer tudo de uma vez”, completa Geigner.

Fonte: Portal G1

PARA MULHERES AO VOLANTE, CONDIÇÃO FEMININA SÓ AJUDA

Histórias de mulheres que mergulharam no mundo automobilístico e lutaram para superar gracejos masculinos, preconceitos e salários melhores já estão velhas e, até mesmo, “fora de moda”. Com incentivo muitas vezes dos próprios homens, elas cada vez mais atuam em ambientes tradicionalmente masculinos, como oficinas, autoescolas e pistas de corrida. E um diferencial que pesa no currículo é, justamente, a condição feminina.

Foi com a ajuda de um sobrinho que começou a carreira de instrutora de autoescola, Cintia Guilhen. Na época, recém-separada e com 39 anos, ela decidiu fechar uma loja de roupas infantis que tinha em sociedade com a cunhada e investir na carreira de instrutora. “De supetão, decidi ser instrutora. No começo de 1998 me separei, como eu estudei até a 8ª série e tinha que sustentar a casa, corri atrás e fiz o curso para instrutor”, diz Cintia, que tem dois filhos e vive em São Caetano do Sul, no ABC paulista.

A instrutora conta que o sobrinho entrou em contato com um amigo que trabalhava na autoescola e sugeriu sua contratação. Ironicamente, Cíntia conseguiu o emprego para atender um grupo de “vítimas” do machismo. “Para a autoescola seria legal colocar uma mulher como instrutora porque tem marido ciumento que não deixa a mulher fazer aula com homem”, explica.

“Nunca sofri preconceito dos meus colegas de trabalho, só uma vez senti de um aluno, mas isso foi há muito tempo”, afirma. A chamada “sensibilidade feminina” também ajuda Cíntia a cativar seus alunos. “Hoje uso as experiências da minha vida para aplicar nas aulas. Quando vejo que o aluno vem muito pra baixo, tento ajudar. Há mulheres que se chamam de burras e dizem que não conseguem dirigir. Abomino a palavra ‘burro’”, conta.

Com 51 anos, Cintia diz que sua vida mudou após começar a trabalhar nesta área. Além da superação pessoal e profissional, ela voltou a estudar. “Estou no segundo ano do supletivo e, se Deus quiser, vou fazer faculdade de gastronomia”, planeja a instrutora.

Aos 23 anos, em 2003, a carioca Rachel Loh começou a traçar um caminho de certa forma parecido com o de Cintia. Ela retomou o curso de engenharia mecânica na Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói (RJ), que havia abandonado fazia dois anos. Mesmo assim, não estava convicta de que seguiria a profissão. “Achei que ia parar na indústria do petróleo, porque têm muitos estaleiros em volta da universidade”, relembra.

Sua história mudou quando foi procurar um amigo em um dos laboratórios da faculdade. “Quando entrei na sala, havia um grupo reunido e todos olharam para a minha cara ao mesmo tempo. A primeira pergunta que ouvi foi ‘qual o seu peso?’”, conta Rachel. Na verdade, o que seus colegas queriam era um piloto leve para disputar a competição universitária de veículos off-road, conhecida por Baja. “Respondi que pesava 50 kg, no dia seguinte me convidaram para pilotar o carro. Eles precisavam diminuir em 20 kg o peso do carro para não ter que mudar o projeto do veículo”, ri.

Depois da primeira competição, a até então estudante se apaixonou por carros e decidiu seguir a carreira. Ainda na faculdade, ela começou a trabalhar como engenheira nos bastidores da Stock Car e não largou mais o automobilismo. "Quando participei das competições de Baja foi o período mais difícil para conquistar a confiança dos homens, havia preconceito sim. Mas na vida profissional nunca tive nenhum problema. Ser mulher ajudou”, ressalta Rachel.

Hoje, com o diploma na mão, a ex-piloto de Baja é engenheira de dados da equipe Officer Motorsport da Stock Car. “Na oficina trabalho com tudo que envolve número, seja pneus, quilometragem das peças, combustível, sensores etc.”, explica. Ela também participou da equipe Toyota no Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1. “A Fórmula um foi um dos maiores aprendizados. Eu trabalhei como assistente local da Toyota, fazia apoio. Observava os engenheiros e fiz muitos contatos. São pessoas que me ensinam até hoje”, diz Rachel.

O automobilismo também é a paixão da designer gráfica paulistana Helena Deyama. Mas Helena troca o asfalto de Rachel Loh pela aventura da estrada de terra. Durante a semana, ela se dedica ao seu estúdio e, nos finais de semana, ela coloca as rodas de seu jipe na lama. Helena é piloto de rali e já participou, entre outras competições, de dez edições do Rally Internacional dos Sertões, completando oito delas entre os dez primeiros na categoria. “Minha navegadora (Joseane Koerich) e eu viramos as mascotes do rali”, comenta a piloto em relação à aceitação das mulheres na competição.

Para aguentar o ritmos, Helena treina todo o dia por uma hora e meia. Os exercícios físicos para aumentar a resistência englobam natação, musculação e corrida. “Tenho 1,55 m e peso 47kg, sou muito ‘mignon’, mas sou forte, aguento bem os treinos”, diz. Mesmo assim, de vez em quando ela precisa da “forcinha” dos homens. “A gente tem muita dificuldade para trocar pneu, porque é muito pesado, mas é raro precisar de ajuda”, reconhece.

Segundo ela, no começo, os homens estranharam sua presença nos ralis — em 1995 ela já era campeã do IV Raid da Primavera. “Quando eles viram que eu era páreo duro, começou aquela coisa de que eles poderiam perder para qualquer um, menos da única mulher da competição. Mas isso mudou com o tempo”, conta Helena.

Na opinião da piloto, o fato de ser mulher até facilita a conseguir patrocínio. “Não tem machismo na parte mercadológica. O fato de ser mulher sempre fez com que eu me destacasse. Além disso, em 2005 fui campeã (no Campeonato Brasileiro de Rally Cross Country) e ganhei bastante visibilidade”, ressalta.

Mas o maior apoio que Helena teve dos homens veio por meio da camaradagem. Na última edição do Rally dos Sertões, em junho de 2009, seu carro pegou fogo. A piloto lembra que há dois dias de terminar o percurso, em segundo lugar na categoria, sentiu cheiro de queimado e parou o carro. Foi quando percebeu que a parte de trás estava em chamas. “O carro explodiu. Deu tempo de a gente fugir, mas não sobrou nada, nem documento salvou.”

Sem ter nem como voltar para a casa — o incidente ocorreu na Bahia — a dupla feminina foi amparada pelos colegas, que chegaram a organizar leilões e rifas para arrecadar dinheiro para a compra de um novo carro. “Um competidor do Catar chegou a fazer uma doação em dólar, porque queria me ajudar a comprar o carro novo”, relembra. “Não vou me esquecer nunca do apoio que toda a categoria deu, era como se eles fossem a minha família.”

Fonte: Portal G1

CRESCE NÚMERO DE FAMÍLIAS CHEFIADAS POR MULHERES NO BRASIL, APONTA OIT

As mulheres representam quase metade dos trabalhadores do país, estão cada vez mais participativas no orçamento familiar - em 35% dos casos são as principais responsáveis -, mas ainda enfrentam muitas desigualdades no mercado de trabalho, apresentou estudo divulgado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil na última quinta-feira (4).

Entre 1998 e 2008, aumentou o número de mulheres chefes de família. Em 1998, elas eram responsáveis financeiramente em 25,9% dos lares. Em 2008, o percentual passou para 34,9%. A OIT divulga os dados com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

Ainda conforme os dados da organização, as mulheres no fim de 2008 representaram 43,7% das pessoas acima de 16 anos no mercado de trabalho. Ou seja, eram 42,5 milhões entre os 97 milhões de trabalhadores do país.

Mesmo com a participação semelhante entre os trabalhadores, as informações da OIT mostram que elas sofrem muito mais com o desemprego do que os homens. A situação é ainda pior entre as mulheres negras. Entre as negras a taxa de desemprego atingiu 10,8% em 2008 e entre as mulheres brancas, 8,3%. Entre os homens negros, a taxa de desemprego foi de 5,7% e entre os brancos, 4,5%.

A OIT apresenta ainda a informação de que 15,8% das mulheres ocupadas estão no trabalho doméstico, e a maioria, em relação precária de trabalho: somente 26,8% têm carteira assinada. Entre as mulheres negras, a situação também piora: 76% das que atuam no trabalho doméstico estavam na informalidade em 2008.

"As mulheres – principalmente as mulheres negras – possuem rendimentos mais baixos que os dos homens e, ainda que em média tenham níveis de escolaridade mais elevados, seguem enfrentando o problema da segmentação ocupacional, que limita seu leque de possibilidades de emprego. As mulheres e os negros são mais presentes nas ocupações informais e precárias e as mulheres negras são a grande maioria no emprego doméstico, uma ocupação que possui importantes déficits no que se refere ao respeito aos direitos trabalhistas", destaca a OIT em comunicado.

JORNADA MAIOR

Além da situação desigual no mercado de trabalho, as mulheres trabalham cinco horas a mais por semana do que os homens, considerando os afazeres domésticos.

A jornada semanal média no mercado de trabalho é de 34,8 horas semanas para a mulher e 42,7 horas semanais para o homem. Quando considerados os afazeres domésticos, a carga de trabalho feminina passa para 57,1 horas semanais contra 52,3 horas semanais dos homens.

MUDANÇAS NAS FAMÍLIAS

Entre 1998 e 2008, o perfil das famílias apresentou mudanças, segundo os dados da OIT. O percentual de casais sem filhos passou de 13,3% para 16,6% dos casais do país.

Aumentou ainda de 16,7% para 17,2% as famílias com mulheres sem cônjuges, mas com filhos. A taxa de fecundidade entre as mulheres de 15 a 49 anos caiu de 2,9 para 1,95 por mulher.

CONVENÇÃO 156

A OIT informou que atua para que o governo brasileiro ratifique a Convenção 156 da OIT, que visa reduzir as desigualdades de gênero no mercado de trabalho.
Segundo a organização, a convenção traz "importantes orientações" para a elaboração de políticas que promovam o compartilhamento de responsabilidades entre homens e mulheres e a igualdade de oportunidades.

Fonte: Portal G1

PESQUISA MOSTRA QUE MULHERES TRABALHAM CINCO HORAS SEMANAIS A MAIS QUE OS HOMENS

Mulheres trabalham cinco horas semanais a mais do que os homens, de acordo com estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgado na última quinta-feira (4). As mulheres têm uma jornada total semanal de 57,1 horas, contando com 34,8 horas semanais de trabalho e mais 20,9 horas de atividades domésticos. Já os homens têm uma jornada total de 52,3 horas semanais, sendo 42,7 horas de jornada de trabalho e 9,2 horas semanais de atividades domésticos.

A diretora do escritório da OIT em Brasília, Lais Abramo, disse que a entrada massiva das mulheres no mercado de trabalho não foi acompanhada por uma reorganização das funções do trabalho doméstico entre homens e mulheres.
“Culturalmente, se atribui à mulher o cuidado quase que exclusivo com a casa e a família. Aqui, se tem uma coisa complexa que passa pela redefinição das relações entre homens e mulheres, uma parceria muito mais equilibrada entre os sexos no âmbito das famílias”, afirmou.

Outro dado importante da pesquisa mostra que parte significativa das mulheres trabalha como empregadas domésticas. Dos 42,5 milhões de mulheres que fazem parte da população economicamente ativa, 6,2 milhões são negras. Isso representa 15,8% do total da ocupação feminina. E, de acordo com o estudo, a maioria das trabalhadoras domésticas é negra. Cerca de 20% das mulheres negras ocupadas trabalham como empregadas domésticas e 24% delas têm carteira assinada.

Para Lais, a desvalorização do trabalho doméstico está ligada a uma desvalorização das funções de cuidado na sociedade, no qual o trabalho doméstico se insere, e esse tipo de trabalho exige qualificação.

“As trabalhadoras domésticas são trabalhadoras como quaisquer outras, elas têm direito a uma regulamentação do seu trabalho, elas têm direito a uma proteção social, à licença-maternidade. O problema é que existe uma grande porcentagem de trabalhadoras sem contrato de trabalho”, afirmou.

O subsecretário de Ações Afirmativas da Secretaria de Promoção da Igualdade Racional (Seppir), Martius Chagas, disse que o empregador precisa ter consciência de que um empregado doméstico, com seus direitos assegurados, vai produzir muito mais. “É um processo cultural que estamos conseguindo fazer com que no Brasil possa avançar. Acho que estamos no caminho, por mais que haja essa precarização do trabalho doméstico, onde as trabalhadoras estão na base da pirâmide. Mas acho que isso esta mudando. E também devemos levar em conta a própria capacitação, reorganização e qualificação desse trabalho”, disse Chagas.

Fonte: Agência Brasil

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