16 de janeiro de 2011

Família brasileira luta na justiça para resgatar criança na Bélgica

O drama da briga pela guarda do menino Sean Richard Goldman, acompanhado por milhares de pessoas no Brasil e nos EUA através da mídia internacional dois anos atrás, volta a ser vivenciado por uma família brasileira, dessa vez, no Amapá. Familiares da pequena Floriane G.L.S., de cinco anos, sofrem há sete meses com o sequestro cometido pelo pai dela, o engenheiro belga Philips Sterkmans, 44 anos, que a retém ilegalmente sob sua custódia na cidade de Liege - a 1h30 de viagem ferroviária de Bruxelas, a capital da Bélgica.

Segundo a avó materna, a professora Lúcia Maria da Silva, a menina embarcou de Macapá para a Europa em junho do ano passado. A convite do pai, ela foi passar férias naquele país. A viagem foi autorizada pela mãe, Guízela Winter, de 28 anos, mediante o acompanhamento da avó - era a garantia de retorno da menina. Em vão. Depois de divertidas semanas de passeio pelo país europeu, Lúcia Maria se preparava para voltar com a neta ao Brasil, no dia 6 de julho, quando recebeu um documento, entregue em mãos pelo ex-genro. Foi quando o drama teve início.

A carta, assinada por Sterkmans, estava em francês - idioma oficial da Bélgica -, mas com trechos reescritos em português. A tradução do conteúdo mencionava que ele não deixaria a criança voltar para a família materna. "Ela foi porque nós nunca o impedimos dele ver a sua filha. Alguns dias antes da viagem de volta, eu desconfiei que ele não deixaria a minha neta entrar no avião. Chamei a polícia, mas ele é o pai dela. Naquele momento não pude fazer mais nada do que somente retornar. Mas nós vamos brigar até o fim para trazer a minha neta de volta. Da última vez que falei com ela por telefone (poucos dias antes do Natal), prometi isso", emocionou-se Lucia Maria.

Em Macapá, a família da criança buscou a ajuda do Ministério Público Federal (MPF). O procurador dos Direitos do Cidadão no Amapá, George Neves, intermediou o contato da mãe e da avó com a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, em Brasília. Agora, o caso está sendo acompanhado pela Autoridade Central Administrativa Federal (ACAF), já que a situação é prevista na Convenção de Haia - tratado assinado entre vários países 30 anos atrás.

Guízela Winter, que trabalha e faz faculdade no município Ourilândia, no Pará, abandonou o emprego e os estudos para acompanhar diretamente o destino da filha. Segundo suas informações, o processo sobre o caso já está nas mãos da justiça belga. No entanto, ela reclama que autoridades brasileiras poderiam cobrar mais celeridade no andamento pelo retorno da criança. Winter deve chegar neste final de semana a Macapá para ficar ao lado da sua mãe. "Nós acreditamos num final feliz brasileiro", reforça Lucia Maria.

DUPLA NACIONALIDADE

Natural de Macapá, Guízela conheceu Sterkmans na Guiana Francesa, há sete anos. Antes de casar e ter a filha, a brasileira o acompanhou em diversas viagens à Europa. Floriane nasceu em Caiena. Apesar de ter chegado ao mundo em território francês, ela foi registrada no consulado brasileiro na Guiana, tendo dupla nacionalidade: belgo-brasileira. Há cerca dois anos, o casal separou-se. Desde então, Guízela voltou ao Brasil e a menina passou a conviver diretamente com seus parentes maternos, principalmente com a avó - com quem ficava nas horas de estudo e trabalho de sua mãe. Floriane completará seis anos de idade no próximo mês de maio.

Fonte: Jornal A Gazeta

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