10 de maio de 2011

Caso Konishi: Um ano após a chacina, não há data para julgamento

Um dos crimes mais chocantes e intrigantes da história do Amapá, completa nesta terça-feira (10) um ano. Há 12 meses, a assessora jurídica e professora universitária Caroline Camargo Rocha Passos, de 34 anos, e os filhos dela Marcelo, de 17, e Vitória Konishi, de 11 anos, foram brutalmente assassinados dentro de casa. O triplo homicídio ficou conhecido publicamente como a chacina dos konishi.

A data será marcada por uma passeata, intitulada "Caminhada silenciosa pela paz". O evento está marcado para acontecer às 17h. Com saída do Teatro das Bacabeiras, a caminhada percorrerá ruas e avenidas do centro de Macapá até chegar à catedral de São José, onde será realizada uma missa em homenagem às vítimas. Familiares e amigos de Carol, Marcelo e Vitória, estarão vestido de branco, como forma de pedir paz e clamar por justiça.

O principal acusado do crime, Wellington Luiz Raad da Costa, de 19 anos, continua preso no Instituto de Administração Penitenciária do Estado (Iapen) a espera do julgamento.

O CASO

Caroline e os filhos foram encontrados mortos pela empregada doméstica, em um dos quartos da casa onde moravam, na Rua João de Castro Sussuarana, no bairro Jardim Equatorial- Zona Sul de Macapá, por volta das 10h do dia 11 de maio do ano passado. A elucidação do crime foi fruto de um intenso trabalho dos grupos especializados da Polícia Civil, Promotoria de Investigação Cível e Criminal (Picc) e da Polícia Técnico-Científica (Politec).

De acordo com os laudos, o adolescente foi o primeiro a ser morto. Através da mancha de sangue em um dos travesseiros de Marcelo, a perícia deduziu que ele tenha sido atacado quando estava deitado e sozinho com o algoz. Atraída pelo assassino, Caroline foi a segunda vítima a ser abatida, conforme dados da perícia. A advogada foi atacada pelas costas com golpe preciso, que lhe tirou todos os movimentos. O golpe atingiu a coluna cervical lesionando a medula óssea, que provocou a perda das reações. A lesão também justificou a posição em que o corpo foi encontrado. Os resultados da perícia também apontaram que Vitória foi morta no quarto da mãe. A menina não ouviu ruídos porque estaria usando fone de ouvido como de costume. A criança empreendeu maior resistência e chegou a lutar pela vida, por isso foi a mais atingida. Ainda segundo os laudos da Politec, a garota sofreu 42 perfurações, enquanto Carol levou 13 facadas e Marcelo 14.

A empregada da família confirmou que as duas facas encontradas na cena do crime eram da própria residência. Uma delas foi usada contra Marcelo e Carol, e a outra contra a vida de Vitória. Além do carro da vítima, desapareceu da casa um celular e o Playstation que Marcelo havia ganhado do pai. O telefone do jovem foi deixado no local do crime propositalmente para criar um álibi perfeito.

DAS INVESTIGAÇÕES ATÉ A PRISÃO DO SUSPEITO

Depois do crime, até momentos antes dos corpos serem encontrados, Wellington havia efetuado várias ligações para o "amigo". No dia 17 de maio, a polícia e o MP, realizaram buscas, franqueadas por Aldo Do Espírito Santos, pai de Raad, no quarto do suspeito. Foram localizados na gaveta da cômoda, um microchip de celular e um adaptador. Ao restaurar a memória, que havia sido deletada, a polícia encontrou um vídeo de Caroline com o marido. O vídeo havia sido gravado no início de 2010. Foram restaurados também outros arquivos pessoais e músicas que pertenciam a Vitória.

Wellington passou de melhor amigo da família para principal suspeito do crime. Pessoas próximas da família começaram a ser ouvidas no inquérito. Após o depoimento de Daniele Nascimento, de 20 anos, namorada de Marcelo, a promotoria conseguiu chegar a Wellington. Ele passou a ser ouvido dois dias após o crime, quando foram constatadas as lesões na palma da mão esquerda, braço e barriga. Diante dos ferimentos, a polícia achou conveniente submetê-lo a uma série de exames detalhados de lesão corporal e papiloscopia. No dia 13, Raad confirmou ao promotor Flávio Cavalcante, que esteve na casa na noite do dia 10 de maio - dia em que as vítimas foram mortas.

A polícia e a promotoria, de posse da prova técnica, representaram pela custódia preventiva do principal suspeito pelo triplo homicídio. Na noite do dia 14, Wellington foi submetido a intenso interrogatório, na presença do pai, dos advogados, promotores e delegados. Por volta de 1h30 já do dia 15, o réu começou a confessar que matou Marcelo, Carol e Vitória, sozinho. Raad chegou a afirmar que se sentia arrependido pelos crimes.

DESENROLAR

No início deste ano, Wellington foi submetido a um exame de perícia psiquiátrica na Politec. O procedimento foi uma solicitação dos advogados do acusado. O resultado do exame concluiu que Raad não sofre de nenhum distúrbio mental. A defesa também tentou conseguir a liberdade dele até o julgamento, mas dois Habeas Corpus emitidos ao Tribunal de Justiça do Estado do Amapá (Tajp) foram negados. O advogado também ingressou com o pedido da liberação de seu cliente junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) em Brasília.

A VERSÃO DO MP

De acordo com o Ministério Público (MP), por volta das 21h do dia 10, Wellington, que tinha livre acesso ao local, pela amizade que tinha com as vítimas, adentrou a casa da família e sem motivo justificado, desferiu os diversos golpes nas vítimas. Após a prática dos hediondos crimes, Raad simulou ter ocorrido um latrocínio, levando o carro de Carol, com alguns objetos da casa dentro, e abandonando o veículo, a poucos metros do local da chacina, retornando ao lugar para pegar o seu carro, e indo até a casa da namorada, e em companhia desta e de uma amiga, se dirigiu a uma lanchonete, em uma praça, no bairro do Buritizal.

O JULGAMENTO

No último dia 27, a Justiça decidiu que Wellington será levado a Júri popular, pelo triplo homicídio triplamente qualificado de Caroline, Marcelo e Vitória. A pronuncia foi feita pelo juiz Luiz Nazareno Hausseler da 2ª Vara do Tribunal do Júri. A data para acontecer o julgamento ainda não foi definida, haja vista que a defesa do acusado ainda tem direito a recursos.

Fonte: A Gazeta

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