28 de maio de 2011

Ação da PF liga conselheiros do TCE do AP a esquema de desvio

Em um desdobramento da Operação Mãos Limpas - que em 2010 levou à prisão o então governador Pedro Paulo Dias de Carvalho (PP) -, a Polícia Federal cumpriu neste sábado (28), 17 mandados de busca e apreensão em endereços de conselheiros, servidores e ex-conselheiros do Tribunal de Contas do Amapá. Segundo a PF, 11 pessoas foram levada à sede da Superintendência no Estado para prestar esclarecimentos. A investigação da PF e da Controladoria Geral da União constatou desvio de parte do orçamento do TCE. De acordo com uma fonte ligada à investigação, material apreendido na casa de uma familiar do atual governador, Camilo Capiberibe (PSB), pode ligar o grupo ao político.

Os desvios no TCE foram descobertos pelos investigadores após a deflagração da Mãos Limpas, em 10 de setembro de 2010. Na época, a PF divulgou que apurava desvio de recursos da União para a área de educação no Amapá e que o esquema seria aplicado em outros órgãos públicos, entre eles o TCE, a Assembléia Legislativa, a prefeitura de Macapá e as secretarias estaduais de Justiça e de Saúde. Além do então governador, foram presas 17 pessoas e apreendidos R$ 1 milhão em dinheiro, cinco carros de luxo e duas armas.

Os mandados para a ação deste final de semana foram expedidos pelo ministro do Superior Tribunal de Justiça João Otávio de Noronha. De acordo com a fonte, um deles foi cumprido na casa do conselheiro José Julio de Miranda Coelho, que foi preso em 2010 na operação Mãos Limpas. Ele seria proprietário de oito casas, 37 apartamentos, 10 flats, 18 lojas comerciais, 10 prédios, 42 terrenos, um hotel, além de carros de luxo. Em cinco anos, ele teria movimentado R$ 190 milhões.

Ainda segundo a fonte, foram apreendidos R$ 31 mil em dinheiro com o conselheiro Manoel Antonio Dias e R$ 16 mil com Coracy Campos de Souza, chefe da Divisão de Planejamento do tribunal. Conforme ela, na casa de Raquel Capiberibe, ex-conselheira e tia do governador, foram encontradas duas pastas, uma com a relação dos "funcionários que não estavam com Camilo" e outra com nomes da família com sugestão de cargo no governo Capiberibe.

Outro mandado de busca, apontou a fonte, foi cumprido na casa da conselheira Margarete Salomão, onde foram encontrados recibos em branco assinados pela irmã dela, que é médica. Entre fevereiro de 2006 e novembro de 2010, conforme a fonte, ela solicitou reembolso de R$ 800 mil com despesas médicas. Buscas também foram feitas na casa da assessora de Margarete, Marizete Sousa de Oliveira, de Adilson Barros, chefe da divisão de Contabilidade do tribunal, Amiraldo da Silva Favacho, conselheiro, e dos servidores Paulo Celso da Silva e Souza, Nelci Coelho Vasques, Regildo Wanderley Salomão, Lindoval Queiroz Alcântara e Damilton Barbosa Salomão.

Entre as pessoas que tiveram a condução coercitiva determinada e foram liberadas após depoimento, estão Coracy Campos de Souza, Paulo Celso da Silva e Souza, Marizete Sousa de Oliveira, Nelci Coelho Vasques, Lindoval Queiroz Alcântara, Adilson Barros, Damilton Barbosa Salomão e o servidor Luiz Carlos Gomes da Silva.

No início da semana, nove pessoas já haviam sido presas em um outro desdobramento da operação Mãos Limpas. Após as apreensões do ano passado, a polícia descobriu indícios de irregularidades em processo licitatórios da Superintendência Federal da Agricultura. Os nomes dos detidos não foram informados.

Fonte: Portal Terra

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