Seis meses após a deflagração da Operação Mãos Limpas da Polícia Federal, que prendeu algumas das principais lideranças do Amapá e alterou a cena política do Estado, todos os suspeitos que haviam sido presos estão soltos.
Alguns deles ainda detêm influência e outros ensaiam uma volta discreta à cena política. Segundo o Ministério Público Federal, as investigações mostraram desvios de mais de R$ 300 milhões.
Último suspeito a ser solto, após seis meses de prisão, o ex-presidente do Tribunal de Contas do Amapá, José Júlio Miranda, ainda detêm um cargo vitalício no órgão. Mesmo afastado por ordem do ministro do Superior Tribunal de Justiça Otávio Noronha, relator do inquérito da operação, Miranda ainda recebe mais de R$ 24 mil como conselheiro do Tribunal de Contas.
Quando foi preso em setembro, ele teve apreendidos pela PF um jatinho particular e cinco veículos de luxo, entre eles uma Ferrari avaliada em mais de R$ 1 milhão. À época em que foi preso, Miranda ocupava a presidência do Tribunal de Contas, órgão responsável por fiscalizar e aprovar as contas do governo do Estado.
Ex-governador do Amapá, Waldez Góes (PDT), que foi preso junto com Miranda, atualmente está lotado como servidor no gabinete de um colega de partido, o deputado federal Bala Rocha (PDT).
De acordo com a assessoria de Waldez, que é apontado pelo Ministério Público Federal como um dos "pivôs" do esquema de desvios, o ex-governador está trabalhando em Macapá, no gabinete local que o deputado mantém na capital do Amapá.
Ainda segundo a assessoria, Waldez, que se candidatou ao Senado na eleição passada e foi derrotado, está trabalhando para recuperar a influência do PDT no Estado. Ele nega qualquer participação nos desvios investigados pela Mãos Limpas.
Já o prefeito de Macapá, Roberto Góes (PDT), primo de Waldez que foi preso em dezembro, em uma outra fase da Mãos Limpas, por suspeita de participação num esquema de fraude nas licitações do município e que passou dois meses preso, continua no comando da capital, após reassumir o cargo em 11 de fevereiro.
Enquanto Góes esteve preso, a capital do Amapá vinha sendo administrada pela vice-prefeita, Helena Guerra (DEM). Nos 56 dias em que comandou a prefeitura, Guerra demitiu secretários nomeados por Góes e indicou aliados de sua confiança.
Entre os demitidos, estavam a mulher do prefeito, Sara Núbia Góes, que ocupava o cargo de secretária municipal de Assistência Social e Trabalho, e a irmã de Góes, Queila Rodrigues da Silva, que ocupava a Procuradoria do Município.
Fonte: Folha de São Paulo
27 de março de 2011
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