O que é que o Amapá tem para receber milhões do Ministério do Turismo e ainda atrair uma ONG de São Paulo para supostamente atuar no treinamento de profissionais do setor? O estado, na realidade, não tem tradição alguma no setor. Segundo estatísticas do Ministério do Turismo, o fluxo de passageiros nos aeroportos do estado é pífia. No ano passado, foram apenas 459 desembarques internacionais. Ou seja: o equivalente à capacidade de apenas um avião foi tudo o que o estado recebeu de turistas estrangeiros ao longo de todo o ano passado.
É o quarto estado com menos movimentação desse tipo. Também em 2010, foram contabilizados 270 mil embarques nacionais e a mesma quantidade de desembarques nacionais - o quinto menor registro do país.
Para se ter uma ideia, o fluxo de passageiros nos voos comerciais com saída e destino no Amapá representa 0,39% da movimentação desse tipo em todo o Brasil. Com relação aos voos internacionais, o estado participa no total do país com 0,001% para embarques e 0,005% para desembarques.
Em 2010, o Ministério do Turismo gastou R$ 2,14 bilhões, sendo que R$ 9,469 milhões foram destinados ao Amapá. Apenas Rondônia e Acre receberam menos recursos. Neste ano, o Amapá ainda não recebeu um centavo da pasta.
A estrutura oferecida aos turistas no estado é das piores. Em números absolutos, nenhuma unidade da federação padece tanto com opções de hospedagem. No ano passado, foram registrados no Ministério do Turismo apenas 19 hotéis, pousadas e flats, com 487 quartos e 784 leitos. O Amapá também é a unidade da federação com menor quantidade de transportadoras turísticas, com apenas quatro empresas registradas. Além disso, o estado todo conta com 42 agências de turismo e 14 bares e restaurantes cadastrados no ministério.
Para completar o cenário, não há campings ou parques temáticos. O mercado é tão insipiente que, no ano passado, dos 8.956 guias brasileiros, apenas 18 atuavam no Amapá. E dos 1.200 bacharéis em turismo registrados no país, 42 estavam no estado.
Os atrativos turísticos do Amapá concentram-se em torno do Rio Amazonas - com praias, cachoeiras e o famoso fenômeno da Pororoca, produzido pelo encontro das correntes de maré com as correntes fluviais. Macapá é a única capital brasileira cortada pela linha do Equador, uma posição geográfica explorada no turismo. A cidade conta com um monumento com a temática, que inclui um estádio de futebol, um sambódromo, restaurante e espaço para a venda de artesanato.
Há na cidade também dois fortes, datados do século 18, e uma orla com restaurantes e bares. A oito quilômetros da capital, há uma comunidade remanescente de escravos, que também atrai turistas. O local é uma Área de Preservação Ambiental (APA).
Fonte: O Globo
15 de agosto de 2011
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