Fonte: O Globo
O valor dos três convênios assinados entre a cúpula do Ministério do Turismo e a ONG Ibrasi (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura Sustentável) para qualificar profissionais do turismo no Amapá corresponde a quase 12 vezes o orçamento anual da Secretária Estadual do Turismo. A secretaria tem para investir este ano R$ 1,5 milhão. Os três convênios firmados entre o ministério e a ONG do advogado Luiz Gustavo Machado somam R$ 17 milhões. As cifras são tão desproporcionais frente as necessidades locais que deixaram surpreso até mesmo o governador Camilo Capiberibe (PSB). Segundo ele, o estado não dispõe de infraestrutura turística suficiente para absorver tanto dinheiro.
“Para receber essa massa de recursos, não tem (infraesturura). Fico me perguntando quais são os critérios. O Amapá precisa, sim, de recursos. Mas por que se decide botar numa coisa e não na outra? O ministério tem que responder”, disse o governador ao GLOBO.
O Ibrasi está no centro das investigações da Operação Voucher. A ONG, que tem sede em São Paulo, está sendo acusada de desviar quase todo o dinheiro recebido do ministério. As investigações resultaram na prisão de 38 pessoas, entre elas o secretário-executivo do ministério Frederico Costa e o diretor-executivo do Ibrasi Luiz Gustavo Machado. Só em um dos convênios, o grupo teria desviado R$ 4 milhões. O Tribunal de Contas da União (TCU) bloqueou os bens dos suspeitos. Para o governador, o Amapá tem enorme potencial turístico e precisa de investimentos no setor. Mas ele entende que convênios com ONGs não é a alternativa mais indicada para a tarefa.
Camilo Capiberibe também reconheceu que é elevado o grau de corrupção em instituições públicas no Amapá. O estado foi alvo de 39 operações de combate a fraudes com verbas federais desde 2003, conforme mostrou o GLOBO. Nem um outro estado sofreu tantas incursões da PF neste período. Para o governador, a explicação para o fenômeno está na atuação dos grupos políticos adversários. Segundo ele, antigas elites locais acreditavam que nunca seriam alcançadas pela Justiça.
“Havia aqui no Amapá compreensão de que a punição não chegaria nunca. Isso fez com que as pessoas que estavam no poder tivessem essa sensação. Mesmo as operações acontecendo eles achavam que isso (punição) não aconteceria. Particularmente o grupo que estava no poder nos últimos oito anos.”
21 de agosto de 2011
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