Fonte: A Gazeta
No dia 11 de agosto de 1827, D. Pedro I instituiu no Brasil os dois primeiros cursos de ciências jurídicas e sociais do país: um em São Paulo e o outro em Olinda, este último mais tarde transferido para Recife. Até então, todos os interessados em entender melhor o universo das leis tinham de ir a Coimbra, em Portugal, que abrigava a faculdade mais próxima.
Cem anos se passaram e Celso Gand Ley propôs que a data fosse escolhida para homenagear todos os estudantes. Foi assim que nasceu o Dia do Estudante, em 1927, que é comemorado em todo o país nessa quinta-feira (11).
Para os estudantes amapaenses, no entanto, a palavra “comemoração” soa de forma incômoda, pois para eles não há motivos para festas e homenagens. Pelo contrário, hoje o sentimento de muitos é de revolta, especialmente porque a data coincidiu com aumento no valor da tarifa de ônibus para R$ 2,30 a partir de hoje.
“O dia do estudante mal começou e empresários e gestores públicos já comemoram, com o aumento a passagem do ônibus para R$ 2,30. Acho uma palhaçada não apenas com os estudantes, mas com todos os macapaenses, que enfrentam diariamente o martírio de pegar transportes lotados, precários, fora o fato de esperar horas nos pontos. Uma verdadeira humilhação”, relata o acadêmico de Jornalismo, Plácido de Assis.
Assim pensa o também acadêmico de jornalismo, Thiago Soeiro “Sinceramente acho injusto esse preço, mas é porque o filho desses juízes não andam de ônibus, então não sabem o sacrifício que fazemos diariamente para chegar à escola. Quando se pede uma explicação, os responsáveis rodeiam mas nunca dizem o real motivo para esse aumento na tarifa”, diz.
A aluna da Escola Gabriel de Almeida Café, Sabrina Fernandes reflete em relação aos gastos que as famílias terão com o novo valor da passagem de ônibus. “E para quem já tem pouco dinheiro, esse aumento vai sair muito caro. Como para as famílias que tem mais de dois filhos e que estudam longe vão arcar com essa despesa? Infelizmente as autoridades não pensam nos mais necessitados”.
Atrasos
Além deste fator, os estudantes afirmam ainda que há várias problemáticas enfrentadas diariamente. Para os alunos da rede estadual, a consequência da greve dos professores, que ocorreu no período de maio a junho deste ano, alterando o calendário pedagógico para término em janeiro de 2012, prejudica o desempenho nas provas de vestibular e Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)
“As medidas tomadas pelo governo em relação a educação nesse estado só prejudicaram a nós, estudantes. Demoraram para negociar com os professores, apresentar propostas, entre fatores externos, como falta de reforma nas escolas, atrapalham o desempenho dos estudantes”, destaca Sabrina.
Sua colega Andressa Leal lamenta a ocorrência dos sábados letivos no calendário estipulado pela Secretaria de Estado de Educação (Seed) e avisa que apesar do cumprimento dos dias letivos, ainda há a falta de professores nas escolas. “Logo na primeira semana fomos dispensados mais cedo, porque os professores faltaram, ou ainda não tinham sido substituídos. Vejo que de nada adianta ter sábados letivos se durante a semana, não cumprimos a carga horária”, reflete.
Citando o veto ao investimento de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no setor de Educação, ocorrido pela Presidência da República, o acadêmico e Coordenador Geral Centro Acadêmico de Secretariado Executivo da Universidade Federal do Amapá (CASEX-UNIFAP), Edison Martins reforça que não apenas no Amapá, mas em todo o país, o estudante tem pouco o que comemorar.
“Com greve nas universidades do país inteiro, a desvalorização do professor e agora com o aumento da passagem de ônibus, o estudante não tem muito o que comemorar. Pois está sofrendo golpes de todos os lados, seja a nível nacional ou local. A comunidades estudantil, deve se organizar e lutar por seus direitos e esquecer das ditas entidades que lutam pelos direitos, como UNE (União Nacional dos Estudantes), UECSA (União dos Estudantes dos Cursos Secundários do Amapá), UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas) e por aí vai, pois eles não representam mais os anseios reais da comunidade estudantil”, concluiu.
11 de agosto de 2011
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