Mergulhado numa série de problemas sociais e ambientais, como o risco de transbordamento do rio que dá nome a cidade, o que pode empurrar o município para uma situação de emergência, Calçoene e sua população agora é obrigada a assistir briga entre vereadores. É isso mesmo, enquanto moradores estão correndo risco de acidente ambiental, dois vereadores se estapearam durante a sessão da última sexta-feira (18). Um deles chegou a puxar um terçado como se estivesse numa briga de gangues.
O caso que envolveu os vereadores, João Benunes Macedo Filho (PSB), chamado na cidade por Megue e Enildo do Socorro Soares Santos (PT), o Nildo Motos, está registrado na delegacia de polícia de Calçoene e foi presenciado por várias pessoas, entre elas a presidente da Câmara, Ivanira Silva Alfaia (PP). Ela disse que o fato pode render um processo de cassação para o vereador Megue, por quebra de decoro parlamentar, ou seja, tentativa de homicídio. Nildo Motos também pode ter o mandato cassado. Afinal, briga física não está entre as atividades parlamentares.
Em sua versão, Nildo Motos conta que estava na sala da presidência da Casa quando seu par, o vereador Megue, entrou fazendo cobranças de acordos que teriam sido firmados no final de 2010 durante eleição para a mesa diretora da Casa. Nildo teria reagido às cobranças afirmando que Megue havia os traído ao fechar compromisso com o grupo opositor e não merecia mais nenhum cumprimento de acordo. Foi a gota d’água.
Os dois parlamentares foram às tapas, socos e pontapés. Ao deixar a sala da presidência, Nildo foi advertido aos gritos pela presidente da Casa que o vereador Megue estaria armado e iria “corta-lo”. A confusão saiu da presidência e foi parar no plenário da Câmara em plena sessão ordinária. Megue estaria empunhando um terçado tentando cortar o colega que se defendia com as cadeiras. “E o terçado era novinho”, assegura Nildo Motos.
A tragédia só não se consumou dentro do plenário da Câmara de Vereadores de Calçoene porque a presidente Ivanira Alfaia chamou a polícia. O confronto violento chamou a atenção não somente das pessoas que estavam no plenário da Casa, mas de toda a população da cidade (com pouco mais de 8 mil habitantes) devido ao tumulto que se formou em frente a Câmara.
O caso vai render abertura de processo de perda de mandato eletivo por quebra de decoro parlamentar. “Se for aberto o processo de cassação contra o vereador Megue, ele já tem um voto a favor da cassação que é o meu”, finalizou o vereador Nildo Motos. Vale ressaltar que a reportagem tentou entrar em contato por telefone com o vereador Megue e com a presidente da Câmara, Ivanira Alfaia, mas ambos não responderam aos contatos.
Fonte: A Gazeta
23 de fevereiro de 2011
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