O prefeito de Manaus, Amazonino Mendes, bateu boca com uma moradora de área de risco da cidade, durante visita ao local onde uma casa desabou, neste domingo (20), matando uma mulher e duas crianças soterradas. Para a Defesa Civil, o desmoronamento era uma tragédia anunciada, já que a casa havia sido construída em área de risco extremo.
A mulher, de 34 anos, identificada como Joelza Coelho, dormia com a filha e duas sobrinhas durante o temporal. A casa demoronou sobre elas e apenas a sobrinha de 2 anos foi resgatada com vida. Ela é filha do pedreiro Nei dos Reis. A outra filha dele, de um ano, morreu no local. “Graças a Deus que eles conseguiram resgatar uma de minhas filhas com vida”, disse o pedreiro. O velório da dona de casa Joelza Coelho, da filha Isabeli e da sobrinha Natália aconteceu a poucos metros de onde ocorreu o deslizamento de terra.
O prefeito Amazonino Mendes quis ver de perto o local da tragédia. Ele conversou com a população sobre as medidas que a Prefeitura pretende tomar e acabou batendo boca com uma moradora que cobrou ações do poder público. “Vamos nos unir e fazer o méximo que a gente pode”, disse ele.
Uma moradora que também perdeu a casa, cobrou providências. “Mas o senhor quer nos ajudar como, prefeito”, disse ela. “Não fazendo casa onde não se deve”, respondeu o prefeito. “Mas prefeito, se nós estamos morando aqui é porque não temos condições de ter uma moradia digna”, respondeu a mulher.
E o prefeito perdeu a compostura: “Então morra, minha filha. Morra....”. “Então nós vanos morrer prefeito. O senhor não faz nada por nós...”, disse a mulher. “Não diga besteira minha filha”, respondeu Mendes.
E continuou: “Você é de onde minha filha?”. “Eu sou do Pará”. “Então pronto, tá explicado”, disse o prefeito.
Depois da discussão, o prefeito falou como vai ajudar as famílias em área de risco. “Agora sabe quem vai invadir aqui? O “negão” aqui vai invadir a casa de vocês”, referindo-se a ele mesmo.
O assessor Eduardo Gomes, da Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Manaus, disse que o prefeito foi local com o intuito de retirar as pessoas da área de risco. E que a frase em que ele fala sobre morte teria sido dita no “calor da discussão”, porque os moradores insistiam em permanecer no local.
Em relação à frase em que o prefeito comenta o fato de a mulher ser do Pará, Gomes afirma que Manaus sofre uma migração muito forte de estados da região Norte e Nordeste. Segundo ele, geralmente, os migrantes têm baixo nível de escolaridade, pouca qualificação profissional e vão morar em áreas de risco. Ainda segundo Gomes, há cerca de 50 mil famílias em área de risco em Manaus. A razão, segundo ele, é a migração de pessoas para a capital amazonense.
Em nota, a Secretaria de Comunicação informou que as famílias retiradas do local vão ficar em casas alugadas pela prefeitura, até que uma área definitiva seja determinada para receber as famílias.
Ainda no texto, a secretaria informou que a prefeitura vai distribuir aos moradores kits de madeira para a construção de nova moradia e fornecer uma cesta básica por família.
Fonte: O Globo
22 de fevereiro de 2011
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