Fonte: Folha de S.Paulo
Seis eleitores do Amapá que constam do processo que cassou os mandatos de Janete e João Capiberibe (ambos do PSB) por compra de voto em 2002 disseram à Folha que trabalharam como cabos eleitorais ou fiscais do casal ou foram seus eleitores, mas negam ter recebido dinheiro para votar neles. Esses eleitores, apesar de listados no processo movido pelo senador Gilvam Borges (PMDB), nunca foram ouvidos pela Justiça Eleitoral.
As principais provas no processo são os depoimentos de duas testemunhas: Maria de Nazaré da Cruz Oliveira, 35, e Rosa Saraiva dos Santos, 37, que disseram ter recebido R$ 26 cada uma para votar em João (Senado) e Janete Capiberibe (Câmara).
Em 17 de novembro, a Folha revelou que o cinegrafista Roberval Coimbra Araújo acusou Gilvam Borges, em depoimento no Ministério Público Federal, de ter pago mesada de R$ 2.000 e dado casas para as duas testemunhas para acusar o casal. O senador nega a acusação.
A reportagem teve acesso ao processo de cassação - são mais de 1.500 páginas e nove volumes. Encontrou três listas com nomes de 90 eleitores cadastrados em laudas com nome, telefone, título de eleitor ou RG e a pergunta “onde gostaria de trabalhar?” -que poderia indicar promessa de empregos.
A dona de casa Roseli Pureza Ribeiro, 25, disse que nas eleições de 2002 era estudante, e trabalhou na campanha como cabo eleitoral. “Trabalhamos entregando cartazes para os vizinhos. No dia da votação, fomos votar. Não recebemos dinheiro.”
A vendedora Gesiele dos Reis Ferreira, 29, disse que trabalha nas campanhas do PSB desde os 16 anos. “Eu já era simpatizante desde pequena do PSB. Não me ofereceram dinheiro”, afirmou.
A Folha falou por telefone com a dona de casa Tatiane Ferreira da Silva, 32, que mora em Afuá (PA). Ela disse que, na época, trabalhou na campanha por dois meses. “Nunca me ofereceram nada. Não pedi emprego”, disse.
O despachante José Gonçalves da Silva, 52, também disse que não trabalhou na campanha e não sabe como seu nome consta na lista, inclusive com pretensão de emprego. “Eu nunca disse que queria trabalhar de motorista, até porque minha carteira [de habilitação] nunca teve esta função. Votei no Capiberibe e no Gilvam.”
Raimundo Neves, 58, e Sandra Nila da Costa, 54, dizem ter atuado como fiscais. Eles [os Capiberibe] nunca pagaram ninguém porque sempre trabalhamos como voluntários”, disse Neves.
Neste ano, João foi eleito senador e Janete, deputada, mas foram barrados no TSE pela Lei da Ficha Limpa.
20 de dezembro de 2010
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