Por Corrêa Neto
Quando deixou a Presidência da República nas mãos de Fernando Collor de Mello, José Sarney chegava ao fundo do poço, e o Brasil já estava lá. Depois de uma série de lambanças como a do Plano Cruzado, que teve direito aos “fiscais do Sarney”, de triste memória, o velho coronel, chefe de uma das mais cruéis oligarquias do país, descia a rampa do Planalto rumo ao ostracismo, sem ter, sequer, alguém que lhe carregasse a pasta até o carro que o aguardava na pista. Finda a desastrosa passagem pelo cargo mais importante da República, restava ao velho oligarca uma melancólica aposentadoria, quem sabe ocupando uma das salas do Convento das Mercês, em São Luis do Maranhão, construído em 1654 pelo Padre Antonio Vieira para abrigar a Ordem dos Mercedários, hoje apropriado por uma Fundação que leva o nome do ex-presidente, envolvida em escândalos sucessivos, segundo denúncias divulgadas não faz muito tempo pela mídia nacional. E se assim fosse, com o ícone do atraso da política nacional aposentado, o Brasil estaria livre de uma das mais dolorosas chagas de seu quadro político: o próprio Sarney. Mas não foi bem o que aconteceu.
Quando o oligarca maranhense se preparava para o esquecimento, um grupo de saltitantes e “espertos” representantes da mediocridade política do Amapá foi buscá-lo, e o introduziu, com todas as honras, na vida amapaense. “Com Sarney no Senado, o Amapá vai ter força”, diziam. E como teve. O velho político, apontado lá fora como o pior presidente de quantos nos governaram, aqui fazia prevalecer a aura do ex-presidente, louvado por uma legião de políticos, radialistas, jornalistas (???) empresários, e endeusado por outros milhares de ignorantes, alguns dos quais se esforçavam para chegar perto dele, levando crianças para serem abençoados, como acontecia durante caminhadas políticas feitas pelas ruas do subúrbio de Macapá. E foi assim que Sarney levou vinte e quatro anos de mandatos no Senado da República, ganhou uma Secretaria Extraordinária do Governo do Amapá, em Brasília, na tese para captar recursos, na prática para abrigar desempregados ligados a ele. E o Amapá continuava “tendo força”, recebendo pequenos favores, e o velho “coroné” se beneficiando dela. E haja político medíocre bajulando, e a mídia igual, fazendo eco. E o número de burros e éguas velhas da fazenda amapaense do senador aumentando.
A bofetada mais recente desferida pelo “coroné”, na cara da estupidez amapaense é bem recente, aconteceu na semana passada. Pela primeira vez, desde a chegada dos portugueses, o Amapá teve uma possibilidade, se bem que efêmera, de ocupar um Ministério, o do Turismo, com mais ou menos R$ 38 milhões para a realização de eventos, mas de qualquer maneira um Ministério, sim senhor. O nome da deputada federal Fátima Pelaes, do PMDB, chegou a ser anunciado como indicado pelo partido, mas o velho cacique tinha outros planos. Depois de ver a dotação para eventos do Ministério crescer de humildes trinta e poucos milhões para mais de setecentos milhões de reais, Sarney deu uma “banana” para a burrice amapaense que o aplaude, e mandou o Lula dizer para a Dilma que o nome do “hômi” para o Ministério é Pedro Novaes, um deputado federal de 85 anos, maranhense, para variar.
Então vocês acham que o Sarney iria deixar um Ministério, com mais de setecentos milhões para gastar, nas mãos de uma amapaense, mas quando? Bem feito. Daqui a quatro anos vocês dão mais um mandato para ele. Bando de trouxas.
14 de dezembro de 2010
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