O superintende estadual João Cláudio Cordeiro da Silva Júnior do Departamento Nacional de Infraestrutura dos Transportes (Dnit) no Pará e Amapá, está entre os prováveis nomes que devem ser substituídos, em agosto, pela presidente Dilma. João é um dos que têm ligação com o ex-ministro Alfredo Nascimento, demitido após denúncias de corrupção de obras superfaturadas pelo departamento.
Além de João outros devem ter o mesmo destino. Pelo critério político, podem ser desligados do cargo Afonso Luiz Costa Lins Júnior (Amazonas e Roraima); José Lúcio Lima Machado (Bahia) e Halpher Luiggi Mônaco Rosa (Espírito Santo). Todos com ligação a Alfredo Nascimento. Da lavra do ex-diretor-geral do Dnit, Luiz Antônio Pagot, que pediu exoneração ontem (25), estariam de saída Nilton de Britto (Mato Grosso) e José da Silva Tiago (Paraná).
A faxina nas superintendências estaduais do Dnit acontece após as denúncias de corrupção. A limpa serve como complemento da varredura feita pela presidente Dilma, no Ministério dos Transportes e dá prosseguimento ao processo de substituições dos cargos vagos na cúpula do setor.
O governo federal desencadeará uma devassa de alcance idêntico - ou maior - nas superintendências estaduais do Dnit. Em todo o país, o departamento tem 23 superintendências e pelo menos 15 delas, dois terços do total, apresentam problemas como corrupção, superfaturamento de obras, fraude em licitações e tráfico de influência.
Não há data para o início da "faxina" nas superintendências - ou reestruturação, como prefere chamar a presidente Dilma Rousseff -, mas já se sabe que deve ocorrer na sequência, em agosto, logo após o fim do recesso do Congresso e que poucos superintendentes sobreviverão.
As denúncias mais graves atingem os Estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, alvos de investigações no Tribunal de Contas da União (TCU), Ministério Público, Controladoria Geral da União (CGU) e Polícia Federal.
Com a cabeça a prêmio, o superintendente do Mato Grosso, Nilton de Britto, antecipou-se aos fatos e colocou o cargo à disposição, em encontro com o ministro Paulo Sérgio Passos esta semana. Mas ele condicionou sua saída à Pagot, que entrou de férias para não receber a ordem de afastamento da presidente Dilma Rousseff.
Britto explicou que é amigo de Pagot de longa data, trabalhou com ele no governo de Blairo Maggi (hoje senador do PR) até 2005 e em 2008 atuou em cargo de direção do Dnit em Brasília, assumindo a Superintendência em dezembro passado.
"Se ele (Pagot) sair eu saio junto", disse Britto, que com a queda de Pagot, deverá seguir o mesmo caminho. Mas há outros motivos: Britto é acusado de favorecer a empresa do irmão, o engenheiro Milton de Britto, em contratos com o órgão de cerca de mais de R$ 20 milhões nos últimos dois anos. Ele nega a acusação.
O ministro Paulo Sérgio Passos confirmou que os ajustes alcançarão as superintendências estaduais do Dnit, mas informou, pela assessoria, que só tratará do caso numa segunda fase, após o preenchimento dos cargos de direção vagos na pasta e na estatal.
A escolha dos novos superintendentes será discutida com o futuro diretor-geral do órgão, antes de ser submetida a Dilma. Passos usará interlocutores para convencer os superintendentes a colocarem os cargos à disposição, como fez Britto.
Mas, por enquanto, na indefinição, os superintendentes em apuros ainda tentam ganhar tempo. "Continuamos trabalhando normalmente e aguardando as instruções da sede, em Brasília, e do Ministério dos Transportes", informou o superintendente do Paraná, José da Silva Tiago, cotado para sair por ser ligado a Pagot e enfrentar denúncias de irregularidades em obras, como o trecho da BR-376 que corta Maringá. Ele disse que as recomendações do TCU foram atendidas e que nenhum dos relatórios de fiscalização resultou em condenação até agora.
No Mato Grosso do Sul, o superintendente Marcelo Miranda Soares tem grande chance de ser substituído, embora tente ficar a todo custo. Ex-senador, ex-prefeito de Campo Grande e ex-governador do Estado por dois mandatos é filiado ao PR e também enfrenta denúncias de irregularidades em obras, além de tráfico de influência.
Por conta de denúncias também devem cair os superintendentes do Rio de Janeiro, Marcelo Cotrim Borges e do Rio Grande do Sul, Vladimir Casa, embora não sejam filiados ao PR.
Premissas
Por orientação de Dilma, que comanda as mudanças com rédea curta, duas premissas vão nortear a troca de guarda nas superintendências. Uma é a existência de irregularidades graves em obras no Estado. A outra é o grau de ligação do superintendente com o núcleo da pasta investigado por suspeita de irregularidades. Os que estiverem nas duas situações têm chance zero de ficar no cargo.
Mas a conta da degola será bem maior porque, como parte das mudanças no perfil do ministério, o PR, partido sob suspeita de aparelhar o setor e montar um esquema de arrecadação de propinas na pasta, perderá a hegemonia. Se não for varrido de vez, caso deixe a base aliada, terá de dividir o bolo com outros partidos, como PT e PMDB.
Entre os 23 superintendentes estaduais, sete são filiados de carteirinha ao PR (SP, AM, MS, PA, SE, GO E AL). Outros sete são indicados por dirigentes do partido, a quem devotam lealdade nos Estados (ES, BA, PE, TO, MT, RS, PR). Nove são independentes ou ligados ao PMDB e PT.
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