Fonte: A Gazeta
O prefeito de Macapá, Roberto Góes, desabafou nesta sexta-feira (8) em entrevista a uma rádio local, sobre o estresse com o governador do Amapá, Camilo Capiberibe em relação à falta de parceria entre os dois gestores. Roberto o acusou de estar fazendo boicote à prefeitura e chamou Camilo de "garoto mimado" e "filinho de papai". Segundo ele, esse comportamento estaria atrapalhando os administradores a chegarem a um possível entendimento.
"Primeiro o governador resolve marcar uma reunião às 21 horas. Disse a ele que não seria hora adequada para governo e prefeitura conversarem. Depois marca outro encontro quando eu estava reunido com os moradores do Mucajá, aí ele vai para o twitter e diz que o prefeito não está querendo conversar. Essas coisas de criança, garoto mimado, filinho de papai, às vezes atrapalham a relação", disparou Roberto.
O desabafo do prefeito é por conta da declaração de Camilo, que o chamou de "chorão", além de acusá-lo de estar antecipando as eleições municipais. A crise entre os dois administradores está relacionada à falta de entendimento para realizações conjuntas na capital, entre Estado e município.
Roberto admitiu que a cidade passa por muitos problemas e lamentou o fato de estar trabalhando sozinho. "Se estou reclamando é porque eu quero que o Estado entre, trabalhe. O governador já está com seis meses e continua com o mesmo discurso de quando assumiu. Tem de parar de ficar olhando pelo retrovisor", desabafou, afirmando que todas as ações apresentadas pelo Estado destinadas aos municípios não passam de conversas. "O governador ainda não saiu do palanque".
Segundo o prefeito, governo e prefeitura, estão longe de chegarem a um acordo pacificador. Roberto credita as dificuldades, a intransigência de Camilo. "Quando encaminhamos um projeto ao governo, ele reclama que vão muitas solicitações, como foi o caso da Carta de Macapá. O governador disse que eram muitas requisições, quase um livro de reivindicações", destacou.
"Quem acaba reclamando muito, distorcendo muito é o governador. O importante é o governo deixar de fazer o discurso do 'chororô', parar de reclamar e começar a trabalhar porque até hoje na cidade de Macapá não se tem uma ação efetiva do Estado. Até o ISS (Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza), de responsabilidade do Estado em repassar a prefeitura, o governador não o faz", questionou.
O prefeito foi além, e culpou Camilo Capiberibe de boicotar o município. "Macapá está sofrendo um boicote geral do governo. O problema não é com o prefeito Roberto nem tampouco com a prefeitura, mas com a população. Ele tem de ver que 70% da população do Estado mora na capital, assim como 90% dos tributos arrecadados pelo Estado são gerados na capital", descreveu.
"Parceria"
O prefeito Roberto Góes voltou a dizer que até agora a contribuição do Estado com o município foi 48 toneladas de asfalto, insuficiente para a dimensão do trabalho executado pela prefeitura. Segundo Roberto, semanalmente estão sendo gastos 50 toneladas de asfalto com os serviços de tapa-buracos.
Roberto também informou a compra de mil toneladas de asfaltos pela prefeitura, mas terá problema para prepará-lo. A dificuldade será em conseguir areia. De acordo com o gestor, a determinação do governador às empresas do segmento para trabalharem com a nota fiscal eletrônica pode emperrar a compra do produto. Muitos ainda não estão em condições de se adequarem ao novo sistema.
"Com certeza vai faltar areia em Macapá por conta dessa decisão do governo. As empresas precisam de um tempo, condições e até mesmo de oportunidades para adquirirem a estrutura necessária para se adequarem a essa nova metodologia e assim se regularizarem", destacou.
Sobre as possíveis imposições feitas pelo município para firmar parceria com o governo, foram desmentidas pelo prefeito. "Eu queria deixar bem claro a população. O governador está muito a vontade para decidir aonde quer trabalhar. Se quer asfaltar e limpar os bairros, ou fazer obras. É dizer quando vai realizar".
Sobre o repasse de R$ 4,5 milhões pelo governo, Roberto afirmou que o Estado - nesse montante que envolve vários convênios federais - entrou com R$ 990 mil, valor aprovado no orçamento. "Ele não está fazendo nenhum favor a Macapá, Santana ou a qualquer outro município, porque os recursos já estão alocados no orçamento".
9 de julho de 2011
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