Fonte: Jornal Folha do Estado
Sumido do cenário político após três derrotas consecutivas nas eleições de 2006 (candidato a vice-governador), 2008 (candidato a prefeito de Macapá) e 2010 (derrotado por Camilo Capiberibe no segundo turno da eleição para governador), o ex-deputado estadual Lucas Barreto deu as caras na televisão na semana passada, estrelando espaço político do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) determinado pela legislação eleitoral.
Lucas Barreto, com o mesmo ar de superioridade utilizado no pleito de 2010, quando dizia estar eleito governador do Amapá ainda no primeiro turno, falou de operações da Polícia Federal, desancou o atual governo, não disse uma palavra sobre os desmandos do tempo da "harmonia" do governo Waldez Góes (PDT) e tentou fazer acreditar que o Partido Trabalhista Brasileiro no Amapá é o grande arauto da moralidade.
Barreto parece ter esquecido que fez parte do governo de Waldez Góes, de quem é compadre, e teve o apoio do então governador para se eleger presidente da Assembleia Legislativa, cargo ocupado por apenas um mandato. O ex-deputado também não lembrou que possui laços familiares com Joca Grunho, o "Tio Joca". Joca é marido de Luzia Grunho, tia da deputada Marília Góes (PDT), mulher do ex-governador Waldez. Joca também fazia parte do grupo de Gutembergue Jacome, o campeão de consultorias pagas e não realizadas no primeiro dos dois mandatos do ex-governador.
Embora tente se apresentar como integrante de um partido íntegro, Lucas Barreto foi apoiado no segundo turno da eleição pelo prefeito Roberto Góes e pelo ex-governador Waldez Góes, duas das muitas autoridades do Amapá presas pela Polícia Federal em setembro de 2010, durante e Operação Mãos Limpas. Lucas, Waldez e Roberto já foram do mesmo partido, o PTB.
Quando fala em moralidade, Lucas Barreto esquece ter sido protagonista de um fato negativo para o Amapá que ganhou espaço na mídia nacional. Ele era um dos 300 nomeados através de atos secretos (não publicados em boletins) para cargos no Senado, onde ganhava mais de R$ 7,1 mil mensais sem a obrigação de estar em Brasília para trabalhar. Já como ex-presidente da Assembleia Legislativa, Lucas foi servidor fantasma do Senado entre agosto de 2007 e outubro de 2008, lotado no Conselho Editorial do Senado.
Com a anuência do senador José Sarney (PMDB/AP), presidente do Senado, atos administrativos secretos foram usados para nomear parentes, amigos, criar cargos e aumentar salários. Levantamento feito por técnicos do Senado à época detectou cerca de 300 decisões que não foram publicadas, muitas adotadas há mais de 10 anos. Essas medidas entraram em vigor, gerando gastos e suspeitas da existência de funcionários fantasmas. Entre eles estava Lucas Barreto, exonerado após o escândalo nacional. Quando o esquema dos atos secretos foi descoberto Sarney disse desconhecer o ex-deputado estadual do Amapá Luiz Cantuária Barreto (conhecido como Lucas Barreto).
Dirigentes do PTB Amapá sob mira da Polícia Federal
Na ânsia de apresentar o PTB como o partido da moralidade no Amapá, Lucas também esquece que os representantes de sua legenda foram ou são alvos de operações da Polícia Federal. Pedro Braga e o ex-deputado federal Eduardo Seabra são réus em ação resultante da Operação Sanguessuga, que desmontou uma quadrilha responsável por um esquema de fraudes na venda de ambulâncias para governos estaduais e prefeituras. Braga passou algum tempo preso.
A deputada estadual Mira Rocha é investigada pela Polícia Federal (Operação Mãos Limpas) e pelo Ministério Público do Estado (Operação Eclésia), acusada de usar assessor como laranja para lavagem de dinheiro e de receber excesso de diária e de passagens aéreas (valores recebidos em dinheiro). Ocivaldo Gato, outro deputado estadual do PTB, teve o mandato cassado na semana passada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) acusado de comprar votos na eleição de 2010. O PTB do Amapá não tem representação no Congresso Nacional e nem na Câmara Municipal de Macapá.
Nos primeiros meses deste ano, Lucas Barreto deu entrevistas afirmando que não seria candidato a prefeito nas eleições municipais de outubro, mas o aparecimento do ex-deputado nos espaços do PTB na televisão deixa a impressão de que ele pode estar mudando de ideia e talvez fique de lado a frase: "só serei candidato se o Davi Alcolumbre (deputado federal) não for". Davi é do DEM e amigo de Barreto.
21 de junho de 2012
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