Fonte: A Gazeta
Ao considerar abusivo, inconstitucional e inequívoco o pedido liminar de sua prisão, pela Promotoria de Justiça do município de Laranjal do Jari (AP), a prefeita Euricelia Cardoso resolveu representar contra a autora da ação, promotora Fábia Nilci, no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e corregedoria do órgão. O procedimento jurídico deve ser executado nesta sexta-feira (16).
Fábia Nilci, promotora de Justiça de Laranjal do Jari, entrou, na semana passada, com uma Ação Civil Pública pedindo liminarmente a prisão da prefeita da cidade, Euricelia Cardoso, sob a alegação de descumprimento das ações judiciais propostas pelo Ministério Público do Estado do Amapá. As recomendações assegurariam o correto acolhimento de menores na Casa de Apoio às Crianças e Adolescentes, a prestação de serviço público de educação infantil em creches e pré-escola e o fornecimento de merenda escolar no município.
Para justificar o ato extremo, Nilci informou que todas as medidas foram tomadas para notificar/intimar a prefeita a comparecer em audiência conciliatória. As tentativas não tiveram sucesso, conforme assegurou. "Em 2009, o MP entrou com ação civil pública na qual o município de Laranjal do Jari foi condenado a prestar serviço público de educação infantil em creches e em escolas de pré-escola e, ainda, deveria regularizar o fornecimento de merenda escolar. Porém, o município não recorreu tempestivamente e, também, até o presente momento não cumpriu com a decisão judicial", destacou a promotora, em seu pedido.
A promotora de Justiça ressaltou que a advertência de prisão em flagrante delito, teve por escopo apenas constranger o réu ao cumprimento da providência, na qualidade de medida processual puramente coercitiva, sem objetivar ou privar de sua liberdade por tempo superior ao admitido por lei, o que significa somente condução do flagrado à presença da autoridade criminal competente.
Repúdio
Afirmando ter sido surpreendida com a medida judicial, a qual Euricelia Cardoso considera ser "nefasta", a prefeita de Laranjal do Jari divulgou uma nota de repúdio em que avalia que a promotora Fábia Nilci agiu "tão somente para satisfazer vaidades pessoais".
Euricelia expõe no documento as dificuldades financeiras enfrentadas pelo Município e reforça a "profunda indignação e repulsa" à notícia do pedido de sua prisão. Nesse sentido, ela descreve: "A relação institucional prefeitura e Ministério Público sempre foi baseada no princípio do respeito, autonomia, isenção e legalidade, e em todas as conversações dessa natureza, ou estive presente ou me fiz representar por profissionais qualificados", diz trecho da nota, que segue: "Sempre nos colocamos à disposição das diferentes esferas de poder para discutir os problemas de forma conjugada, na perspectiva de adotarmos medidas possíveis de exequibilidade por parte do município. Não temos a faculdade de operarmos mais do que a capacidade financeira que a prefeitura suporta".
"Esse fato lamentável e infeliz que ocorreu, ainda com todo constrangimento e dano irreparáveis causados à instituição e à minha pessoa, se Deus quiser não ofuscará, em momento algum, o brilho das nossas conquistas, nem diminuirá nossa coragem para enfrentarmos os desafios que surgirão", rematou Euricelia.
A reportagem não conseguiu contatar Fábia Nilci, que goza de férias desde o final da semana passada.
Construção de creches em meio ao fogo cruzado
A promotora Fábia Nilci, em suas argumentações, disse que o Ministério Público impôs ao município de Laranjal do Jari, que designasse um imóvel, em condições satisfatórias, para a instalação de entidade acolhedora, voltada ao abrigo somente de adolescentes em situação de risco pessoal ou social, e construção de creches para abrigar crianças.
Nenhuma providência foi tomada por Euricelia Cardoso, segundo assegurou a promotora, acrescentando que foi aplicada multa pessoal à prefeita, e que, mesmo assim, nada foi resolvido.
A prefeita de Laranjal, por sua vez, informou que foi publicada recentemente em diário oficial a liberação de recursos federais referentes ao programa Pró-Infância, do FNDE, para a construção de duas creches em Laranjal do Jari.
“Serão construídas no município três creches, sendo duas com esses recursos federais, e uma com dinheiro de emenda parlamentar”, acrescentou Euricelia.
Ela afirmou que as informações referentes às construções de creches no município foram repassadas através de relatório ao Ministério Público Estadual.
15 de setembro de 2011
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1 comentários:
Estranho... De acordo com a Prefeita, tá tudo bonitinho...Mesmo assim, depois de todas as explicações do mundo o MPE pediu a prisão e, mais absurdo ainda, a justiça determinou a prisão! Acho isso muito estranho... Se for palavra por palavra, eu acho mais confiável a palavra da nobre Promotora!
Existe um velho ditado popular! "Lugar de bandido é na cadeia" Não sei autoria, mas a Promotora fez bom uso!
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