Fonte: A Gazeta
Há menos de quatro meses para final do ano, as universidades federais e estaduais já começam a anunciar os processos seletivos para 2012. Quem vai prestar vestibular pela primeira vez, tem estendido a procura pela formação superior para além da capital. Pela proximidade geográfica os estudantes amapaenses ainda querem ingressar nas universidades públicas do Pará.
O ensino privado, que ainda é o principal responsável pela ponte aérea dos estudantes, precisou entender e incorporar os interesses desse tipo de público as plataformas de estudos. Os alunos do ensino médio regular representam cerca de 70% dos que optam por ingressar em cursos superiores em outra região. Já os estudantes de pré-vestibulares, preferem se dedicar aos processos seletivos das universidades locais. A intenção é que, estudando perto da família, os custos de manutenção do curso sejam menores. Enquanto que os alunos que decidem sair do Estado, devem estar preparados para acumular despesas com moradia, transporte e alimentação enquanto freqüentarem o curso.
A defasagem de graduações nas universidades do Amapá continua sendo o principal motivo de os estudantes rumarem para outros Estados. Aliada a incipiência dos que existem tem afastado o interesse dos que esperam por cursos mais estruturados. A Universidade Federal do Amapá (Unifap) fundada em 1992, dispõe de 24 cursos de graduação, sendo 23 no campus Marco Zero e 1 em Santana. Arquitetura e Urbanismo, Engenharia Elétrica, Medicina, Relações Internacionais e Jornalismo foram graduações implantadas recentemente. Já a Universidade Estadual (Ueap) criada em 2007, possui apenas 12 cursos superiores. Ambas oferecem na grade curricular maior disposição de cursos na área de licenciatura do que bacharelado.
Professor de matemática há cerca de 20 anos, Luiz Alberto Franco é um dos proprietários de uma rede de escolas particulares em Macapá. Para ele, o que determina se um candidato vai estudar em outra região é a condição sócio-econômica, e a busca tem sido justificado aos cursos mais concorridos como Medicina e Direito. “Embora a capital disponha desses cursos na federal e no ensino privado, o Estado não é pioneiro nessas graduações, o que gera questionamentos sobre a qualidade do que é trabalhado em ambiente acadêmico. E para uma parcela da população essa credibilidade e tradição ainda pesam”, esclareceu o educador.
Das quatro turmas de 3° ano que a escola possui, Luiz Franco afirma que 80% dos alunos pretendem seguir carreira profissional fora do Estado. A vontade de ingressar em um curso superior longe dos pais e podendo adquirir desta experiência alguma autonomia para a vida adulta, faz com que os estudantes, ao entrarem nas universidades consigam galgar postos de trabalho e repensem a proposta de voltar para o Estado de origem.
Simulando o vestibular
Como educador, Luiz Franco explica que algumas escolas têm adotado métodos parecidos com as do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para avaliar o desempenho dos alunos. Embora ele admita que a instituição em que trabalha, priorize os processos seletivos das grandes universidades do país. “Nós resolvemos adotar os blocos de avaliação discursiva, que reúnem quatro disciplinas em uma só avaliação. Esse teste utiliza a nota do aluno para os bimestres do ano, além de simular uma prova normal de vestibular”, frisou o professor.
Existem instituições que colocam outras possibilidades para o aluno concluinte. Almir Viana, coordenador pedagógico de um colégio privado, anuncia que a escola pretende organizar uma caravana até Belém para acompanhar os vestibulandos durante as provas da Universidade Federal do Pará (UFPA). “É a primeira vez que uma escola toma essa iniciativa, de propor um pacote para as diárias do hotel no período de provas”, salientou Almir. Que também reforçou a necessidade de valorizar as instituições de ensino superior locais.
O método de ensino desenvolvido pelo colégio em que Almir é coordenador desdobra os conteúdos dos editais das principais universidades públicas. E incentiva a realização de processos seletivos seriados que dividia-se em três fases. As provas são realizadas ao final de cada ano e a somatória de pontos pode determinar a obtenção de uma vaga na Universidade. Com o tempo, as instituições começaram a perceber que o processo tornava-se oneroso, pois os resultados atingidos eram equivalentes ao Enem. No Pará, a Universidade Federal extinguiu a metodologia. Apenas a Universidade Estadual (UEPA) ainda utiliza o processo seriado, denominado PRISE.
A realidade da educação superior no Amapá já atravessou momentos mais conturbados. Em meados de 1988, quando a região deixou de ser território e foi elevada a categoria de Estado, a cidade ainda não dispunha de instituições de ensino superior. O governo da época, então, decidiu criar incentivos para a incursão de jovens nos cursos superiores paraenses, no sentido de capacitar os estudantes para retornarem ao Estado quando estivessem graduados.
19 de setembro de 2011
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