RIO - Ainda há um clima de mistério na história envolvendo o falso cônsul honorário da República Democrática do Congo que dava cobertura à fuga do traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, ex-chefe da venda de drogas na Rocinha, preso no porta-malas de um Corolla há 15 dias. Em janeiro deste ano, a Polícia Federal no Amapá instaurou inquérito para investigar o verdadeiro cônsul, o carioca Amaro Pinheiro Neto, por uso de documento falso, falsificação de documento público e falsa identidade.
As carteiras do falso cônsul honorário do Congo (à esquerda) e do verdadeiro REPRODUÇÃO DO FANTÁSTICO |
— Não tenho qualquer conhecimento da investigação da Polícia Federal sobre mim. Não fui notificado de nada — garantiu o cônsul honorário ao GLOBO.
Falso cônsul advogou para o verdadeiro
Amaro, que é cônsul honorário da República Democrática do Congo no Amapá, mentiu à TV Globo ao dizer que não conhecia o advogado André Luís Soares Cruz, que se apresentou como cônsul honorário para impedir a prisão de Nem, na noite do dia 9. O verdadeiro cônsul e o falso não só se conhecem como já viajaram juntos para o Congo. Amaro afirmou que a viagem se deu porque o país estava à procura de representante no Brasil. André Soares não conseguiu a representação. Ele, inclusive, já foi advogado de Amaro numa ação por danos morais movida no Juizado Especial de Jacarepaguá, segundo o site do Tribunal de Justiça do Rio. Ele tinha uma dívida com a escola de seu filho, que foi resolvida numa audiência de conciliação.
O verdadeiro cônsul alegou ao GLOBO que mentiu para preservar sua integridade moral, a de sua família e a do país, já que André Soares foi autuado pela PF por favorecimento pessoal (ajudar um foragido da Justiça).
O falso cônsul aparece como réu em dois processos na Justiça do Rio: um por estupro e outro por furto.
Amaro se diz bastante decepcionado com André Soares. Ele revelou que, a ele, o advogado se dizia cônsul honorário do Sri Lanka:
— Lamento o dia em que o conheci. Estou muito decepcionado e abalado por ter, mais uma vez, me enganado com um ser humano. Ele (o advogado) deve ter alguma problema psicológico sério. Ele sempre foi uma pessoa muito vaidosa. A mim se apresentava como cônsul do Sri Lanka (país localizado ao sul da Índia). Mas nunca mostrou documentos.
Ele revelou ter visto o passaporte diplomático de André Soares quando esteve na Polícia Federal para prestar esclarecimentos.
— É um documento grosseiramente falsificado — disse.
O cônsul contou que foi apresentado ao advogado durante uma festa em 2007. Antes, costumava vê-lo em Santa Teresa, pois moravam na mesma rua, mas nunca haviam se falado, segundo Amaro.
Além do caso do falso cônsul, outro mistério cerca a prisão de Nem. A Corregedoria Interna da Polícia Civil (Coinpol) investiga a tentativa de policiais da 82 DP (Maricá) e da Subchefia Operacional da corporação de intervir no episódio. O delegado Roberto Gomes e os inspetores Mussi e Figueiredo já depuseram, afirmando que negociavam há dez dias a rendição do bandido, que estava com medo de sofrer retaliações. A negociação, segundo eles, estava sendo acompanhada pelo subchefe operacional, Fernando Veloso.
Gafe sobre o país africano no Pan de 2007
Uma piadinha de mau gosto sobre o Congo deixou a delegação americana numa saia justa durante os Jogos Pan-Americanos de 2007. Mal-humorado por causa do calor que fazia na cidade, um dos gerentes de relações com a imprensa, Kevin Neuendorf, não teve dúvidas: pegou uma caneta vermelha e escreveu em letras garrafais no quadro de avisos ao lado de sua mesa, no Riocentro: "Welcome to the Congo!" (bem-vindo ao Congo) .
A frase preconceituosa envolvendo o país africano acabou custando caro ao funcionário. Diante da gafe e da repercussão do episódio, flagrado pelo repórter Ary Cunha, do GLOBO, o Comitê Olímpico dos Estados Unidos decidiu puni-lo. Kevin foi, então, afastado da delegação.
— A frase é porque está muito quente aqui no Rio — justificou Kevin na época.
No entanto, as instalações destinadas aos americanos ficavam num dos pontos mais nobres do remodelado pavilhão 5 do Riocentro, apenas para servir de base aos 18 gerentes de relações com a imprensa do país. O grupo ocupava uma sala inteira, de 678 metros quadrados e sistema de ar condicionado, sem precisar dividi-la com qualquer outra delegação.
O comitê olímpico americano emitiu, no dia seguinte ao episódio, um comunicado oficial, no qual manifestava "as mais profundas desculpas ao povo do Brasil e do Rio pelas lamentáveis ações que foram retratadas numa fotografia e numa reportagem no GLOBO."
3 comentários:
Como conheci tanto o Amaro quanto o adevogado dele há muito tempo, os dois estão juntos e o mulambo do Amaro deu ou vendeu para o dissimulado do advogado dele a cópia do seu passaporte diplomático. Segundo a matéria abaixo, o mulambo do Amaro já responde na Polícia Federal do Amapá por uso de documentos falsos. Vai ver que a mentira do Fantástico deve ser porque até a Embaixada do Congo está metida nisso e deve ter rolado muita grana.
Conheco o Amaro desde que nasceu e o "advogado" nao sei se o vi mais gordo( ou mais magro).Estive procurando por ele(Marinho}e nao consegui localiza-lo. Agora vejo o seu nome e foto nos jornais. Que pena!
Se alguem sabe como localiza-lo me avise por favor- cadeco@aol.com
necyou
stteetoforarda
O advogado responde há processos disciplinares na oab/rj e tbm por furto qualificado no forum da capital. Ele andava armado e se dizia pertencer aos quadors da PRF. Utilizava uma Frontier, cor preta, com a placa consular fria.
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