A Operação Mãos Limpas ou Mani pulite foi uma investigação judicial de grande envergadura em Itália que visava esclarecer casos de corrupção durante a década de 1990, na sequência do escândalo do Banco Ambrosiano em 1982, que implicava a Mafia, o Banco do Vaticano e a loja maçónica P2.
A Operação Mãos Limpas levou ao fim da chamada Primeira República Italiana e ao desaparecimento de muitos partidos políticos. Alguns políticos e industriais cometeram suicídio quando os seus crimes foram descobertos.
No início dos anos 90, o dissidente Vladimir Bukovski trouxe dos Arquivos de Moscou as provas de que praticamente toda a imprensa social-democrata da Europa tinha sido financiada pela KGB durante a década de 80.
No começo, as denúncias de Bukovski não estavam despertando interesse, pois havia uma recusa generalizada movida pelo pretexto de que não se deveria reabrir “velhas feridas”, e de que o assunto sobre a guerra fria era um assunto superado. Até que pouco a pouco, os jornais passaram a dar atenção aos documentos de Bukovski e suas as graves implicações. Chegou a ser revelado que o o Partido Comunista Italiano havia recebido pelo menos quatro milhões de dólares da KGB. O Parlamento Italiano foi então pressionado pela opinião pública a realizar uma devassa fiscal em todos os envolvidos o que provocou a reação do Partido Comunista Italiano.
Como resposta o PCI convocou juízes que estavam em seu quadro de colaboradores, para que organizasse uma campanha de grande repercussão publicitária na mídia internacional com objetivo mudar a estrutura polarizada que tradicionalmente caracterizava a vida política da Itália, baseada na oposição entre regimes democráticos e comunistas, tendo como resultado o descrédito de toda reivindicação fundamentada no anticomunismo.
Assim, todos os partidos políticos, com exceção do PCI, acabaram por serem investigados, ao mesmo tempo que a campanha operação Mãos Limpas tomou para si, por meio de um golpe publicitário, o mérito pelo combate a máfia, uma luta que já estava sendo realizada desde a década de 1980 quando ficaram notórios os trabalhos solitários de magistrados como Paolo Borsellino e Giovanni Falcone, este ultimo realizando seu combate contra a máfia durante onze anos em seu escritório-fortaleza, e o testemunho do ex-mafioso Tommaso Buscetta por ser o primeiro “capo” da máfia italiana a quebrar o código de silêncio ou a omertà se tornado então um pentiti.
Durante a campanha da operação Mãos Limpas, 2.993 mandados de prisão haviam sido expedidos; 6.059 pessoas estavam sob investigação, incluindo 872 empresários, 1.978 administradores locais e 438 parlamentares, dos quais quatro haviam sido primeiros-ministros.
A publicidade gerada pela operação Mãos Limpas acabou por deixar na opinião pública a impressão de que a vida política e administrativa de Milão, e da própria Itália, estava mergulhada na corrupção, com o pagamento de propina para concessão de todo contratos do governo, sendo este estado de coisas apelidado com a expressão “Tangentopoli” ou “Bribesville” ou “cidade da propina”.
A operação Mãos Limpas chegou a alterar a correlação de forças na disputa política da Itália, reduzindo o poder de partidos que haviam dominado o cenário político italiano. Partidos como o Socialista (PSI) e o da Democracia Cristã (DC), foram reduzidos, durante a eleição de 1994, somente em 2,2% e 11,1% dos votos, respectivamente.
Fonte: Site Wikipedia
18 de setembro de 2010
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