Dentre as inúmeras suspeitas investigadas pela Operação Mãos Limpas, que apura desvios de recursos no governo do Amapá, uma chama a atenção: o superfaturamento da merenda escolar. As irregularidades teriam se iniciado durante o governo de Waldez Góes (PDT), que deixou o cargo em abril para se candidatar ao Senado e foi substituído pelo vice, Pedro Paulo Dias (PP). Ambos estão presos.
Em duas compras de leite em pó, feitas em 2006, o sobrepreço chega a mais de 600%. A unidade da marca Camponesa, que hoje, depois de quatro anos de inflação, pode ser encontrado por pouco mais de 2 reais, foi comprado a 14 reais. Os dados estão no sistema de acompanhamento dos gastos do governo.
Nas duas transações, foram adquiridas ao todo 17 mil unidades do produto. Uma despesa de 238 mil reais. Se o preço correto fosse pago, a conta ficaria abaixo dos 40 mil reais. Ou seja: cerca de 200 mil reais de diferença. Os produtos foram adquiridos no Armazém do Rocha, que fica em Macapá.
Os problemas com a merenda não terminaram no estado: recentemente, as escolas da rede estadual tiveram o horário reduzido porque não havia alimento para ser entregue aos alunos.
As investigações apontam que a Secretaria de Educação era o principal foco de desvios no governo. Segundo a Polícia Federal, as irregularidades se repetiam, por exemplo, com a contratação, sem licitação, das empresas de vigilância Serpol e Amapá Vip, que comprometia mais de 2 milhões de reais por mês aos cofres públicos, e com a compra de filtros d’água, cuja manutenção custava 70 mil reais.
O ex-secretário de educação Adauto Bitencourt é uma das seis pessoas que permanecem presas em Brasília, junto com o governador afastado, Pedro Paulo Dias, o ex-governador Waldez Góes, o presidente do Tribunal de Contas do Amapá, José Júlio Miranda, o secretário de segurança, Aldo Ferreira e o empresário Alexandre Gomes de Albuquerque.
Fonte: Revista Veja
16 de setembro de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
0 comentários:
Postar um comentário