Fonte: A Gazeta
A Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) mentiu. O plano “B”, que previa a contratação de 47megawatts (MW) pela Aggreko, para subsidiar a geração de energia da Usina Coaracy Nunes, falhou. Agora, o racionamento está com força total. Mesmo insistindo que o Estado não passará apagões de energia, o governo anunciou ontem (22) que fará interrupções pontuais no fornecimento para os órgãos públicos, reconhecendo o fracasso da tentativa da sanar o problema.
Em outubro, o presidente da CEA, José Ramalho concedeu entrevista exclusiva à Gazeta, descartando o indício de racionamento para este ano. Embora esta informação tenha sido confirmada em 2010 pela Eletronorte. A empresa que atua como fornecedora de energia para a CEA, solicitou a aquisição de 24 megawatts (MW) para suprir a baixa da Usina.
Por meio da portaria n° 659/2011, de 22 de julho do ano passado, o Ministério das Minas e Energia autorizou a contratação em caráter emergencial os 24 MW necessários para amparar os serviços da Eletronorte. Ainda em 2010, o nível do reservatório da Usina reduziu ainda mais, atingindo o seu ponto mais crítico. O que obrigou a Eletronorte a aumentar o pedido de suprimento para a CEA. Nova portaria do MME, de n° 391/2011 permitiu a aquisição de mais 23 MW, totalizando os 47 MW que seriam submetidos a concorrência pública ao custo de R$ 53 milhões.
O contrato foi celebrado tardiamente com a multinacional Aggreko, em agosto deste ano. Em nota, o presidente do Sindicato dos Urbanitários (Stiuap), Audrey Cardoso ressaltou o atraso no lançamento do edital de licitação e a impossibilidade de gerir o serviço a tempo. “Tornava-se latente o completo desconhecimento da complexidade do serviço de instalação de uma Usina Térmica por parte da gestão da empresa [CEA], por ofertar um prazo impossível de ser cumprido”. A inauguração da Usina Termoelétrica prevista para ocorrer ontem (22) foi adiada
Desligamento da Usina
Por volta das 9h de ontem (22), o Superintendente da Eletronorte no Amapá, Marcos Drago autorizou o desligamento das turbinas. Segundo Drago, a UHE Coaracy Nunes atingiu o seu limite máximo: está com 1,5 metros abaixo do permitido para este período do ano. Ele explicou que a medida foi necessária para não forçar os equipamentos e provocar uma sobrecarga na capacidade de geração da Usina.
No entanto, é percetível que a Companhia tenta ocultar o momento de crise que enfrenta. Os comunicados divulgados na imprensa não admitem a falta de planejamento da empresa e ainda tentam desviar a atenção para métodos contratuais e burocráticos.
A assessoria produziu um texto corroborando que ainda estão sendo realizados testes para ajustes de 57 geradores instalados na Usina. Sobretudo, a previsão dada pela Aggreko para fornecer 24 megawatts (MW) de energia era ainda nesta semana.
Efeitos do racionamento
A CEA passou a estabelecer critérios para realizar os cortes esporádicos de energia. A interrupção no serviço depende da quantidade de mega watts (MW), a exemplo do que ocorreu esta semana no bairro Jesus de Nazaré, que concentra uma série de empreendimentos comerciais e prédio públicos.
Na quarta (21), o bairro ficou seis horas sem energia. O desligamento sem anúncio prévio foi responsável pela danificação de condicionadores de ar, freezer e conservadores de alimentos refrigerados. O caos de energia levou comerciantes do bairro a uma série de prejuízos: a perda dos produtos, a evasão de clientes e perda de equipamentos. Três faculdades situadas na região, tiveram que dispensar os estudantes mais cedo. O mesmo ocorreu com os fies da Igreja Jesus de Nazaré que participavam da celebração religiosa mais freqüentada do bairro.
Também na zona sul da capital, a professora Alana Érika Coelho, residente no Jardim Equatorial, foi surpreendida com o racionamento. Como trabalha durante o dia, ela aproveita a noite para realizar as atividades domésticas. Mas, ontem teve que providenciar tudo à luz de velas. Ela criticou a atitude da CEA em não lançar qualquer informativo sobre a eminência de desligamentos. “Em vez de ir à televisão dizer que está tudo sob controle, a Companhia poderia ter ao menos a decência de repassar um cronograma dos desligamentos pra que a população pudesse se programar para suas atividades”, reclamou a educadora.
O discurso que a CEA e a Eletronorte utilizam para justificar os cortes de energia é empregar a economia feita nos últimos dias durante o período natalino. Mas se a proposta fracassar mais uma vez, não custa dispensar os enfeites de natal – a exemplo da bela decoração do Palácio do Setentrião – e adotar velas para iluminar o fim de ano.
23 de dezembro de 2011
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