1 de dezembro de 2011

Desinformação e resistência ao preservativo aumentam casos de AIDS no Amapá

Fonte: A Gazeta

“Meu filho foi a primeira pessoa famosa a revelar que era HIV positivo. No início dos anos 1990, o preconceito era muito maior. A ignorância a respeito das formas de transmissão do vírus também. E o diagnóstico era sinônimo de pena de morte. Muitos, mas muitos pacientes eram abandonados pelas famílias e eram largados em hospitais que não queriam atendê-los. O medo era comum a todos: profissionais de saúde, parentes e leigos”.

O trecho acima foi retirado do livro “O tempo não para”, escrito por Lucinha Araújo, mãe do cantor Cazuza, falecido em 7 de julho de 1990 após ter contraído o vírus da imunodeficiência humana (HIV). Embora o texto faça menção a primeira leva de infectados, o receio e a desinformação continuam refletindo as principais barreiras na luta contra a doença.

O dia 1° de dezembro foi instituído o dia mundial de combate a AIDS pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A data é lembrada há 23 anos e tem o intuito de reforçar as campanhas pela redução do número de infectados e diagnóstico precoce da doença.

Lucinha Araújo preside desde a morte do filho, a ONG “Viva Cazuza”, que funciona no Rio de Janeiro. A instituição recebe crianças que foram infectadas pelo vírus HIV e foram rejeitadas pela família. Infelismente, o Amapá ainda não dispõe desse tipo de serviço. Os pacientes que são dignosticados com a doença são tratados pelos profissionais do Serviço de Atendimento Especializado (SAE), vinculado a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa). Onde recebem os medicamentos para o controle da AIDS e podem fazer exames periódicos para atestar como o organismo tem regido a doença.

Os jovens de 15 a 29 anos concentram a maior parcela de portadores do HIV. Eles já representam 400 infectados. A estatística segue uma tendência detectada há cinco anos. Para cada grupo de 14 pessoas que descobrem estar infectadas, 6 são jovens. Segundo a coordenadoria estadual DST/AIDS revelam que o contágio não está diretamente associado a falta de informação desse público, mas a resistência ao uso do preservativo.

Há 15 anos, quando a doença começou a vitimar pessoas, homossexuais e prostitutas eram considerado o grupo de risco para as autoridades. Hoje é possível identificar que a doença tem aparecido com maior incidência entre mulheres e idosos, principalmente a partir dos 60 anos. E a razão do contágio também é a mesma da população jovem: a recusa a camisinha.

O avanço da doença motivou a realização de uma audiência pública na Assembleia Legislativa, que acontece hoje. A proposta do deputado Michel JK é discutir as políticas de prevenção e tratamento da AIDS no Amapá. “Dados do SAE indicam que só neste ano foram confirmados 158 novos casos de infectados. O que representa um crescimento de 5% em relação a 2010”, afirma o deputado estadual. Estão confirmados para participar da audiência, representantes do Ministério da Saúde, ONGs e associações que auxiliam no tratamento dos soropositivos.

1 comentários:

Ministério da Saúde disse...

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